5.7.09

Peter Eastgate: O Mundo nas suas Mãos



Aos 23 anos, Peter Eastgate é a inveja do mundo do poker, mas o "Young Dane" fala com modéstia à Inside Poker. O mais jovem e actual campeão do mundo fala acerca de como a histórica mesa final mudou a sua vida para sempre.


Enquanto que o repórter da Inside Poker partilha um confortável sofá com Peter Eastgate na Sala Verde da Party Poker Premier League III, é fácil de ver o porquê de lhe chamarem Gate Frio (Icegate). É que apesar de estar rodeado pelos mais intimidantes jogadores de poker do panorama mundial, Eastgate de bom grado se iria sentar à sua frente. Ele fala lentamente, raramente quebrando a monotonia e ocasionalmente esboçando um sorriso. Se precisa de mais provas acerca do gelo que corre nas suas veias, reveja a altura em que venceu os 9,15 milhões na World Series of Poker. Enquanto que os seus fãs corriam e dançavam à sua volta, ele apenas ajustou o seu chapéu e ficou a olhar para a mesa. Foi o pico das reacções não compreendidas.

Apesar de tudo isto, Eastgate admite que se arrepende de não ter aproveitado mais o momento na World Series: "Se pudesse re-fazer as coisas, eu entrava em altura na altura em que tinha ganho; isto porque percebi que foi muito aborrecido não ter celebrado. O que aconteceu foi que eu estava tão preocupado com a mão que não cheguei a fazer a transição de estar concentrado para estar contente e feliz."


Até que faz sentido. Na verdade, ele e Ivan Deminov mereciam ficar de boca aberta a ver aquele último river. A concentração enorme que tiveram de empregar no poker em 3 meses tinha terminado num ambiente de alta pressão, rodeado de luzes, cameras e um público rejubilador. Se fica pressionado quando precisa de estacionar o carro para poder ir para o seu emprego, não imagina como é ultrapassar 6,844 jogadores de poker e reclamar o título de campeão mundial aos 22 anos.

A mão final e fatal para Deminov, é descrita de uma maneira avassaladora por Eastgate: "Eu fiz limp a dealer, como sempre faço. Jogo em toda a vez que estou a dealer. A razão disto não é segredo nenhum para alguém que perceba de poker, tu queres sempre ter posição sobre os adversários. Eu misturei o meu estilo de jogo entre fazer limp e aumentar 1/2 do pot. Dessa vez eu fiz limp e no flop bateu-me um projecto de sequência. Eu apostei para ver se ganhava o pot mais o Ivan acompanhou. Percebi que naquela altura ele já deveria ter alguma mão, porque fora de posição ele não se poderia dar ao luxo de andar para ali a flutuar. Não sabia o que ele tinha, mas quando fez check no turn percebi que estava a frente com a minha sequência de Ás baixo. Se ele tivesse 5-6, seria mesmo devastador para mim. Ele fez check, eu apostei e ele aumentou-me metade da sua stack. Eu cobri; se ele tivesse feito alguma mão ele iria cobrir a minha ap
osta de certeza, não faria sentido aplicar um check-raise e desistir na última mão. A razão porque eu apenas cobri foi no caso de ele estar a fazer bluff eu queria espremer o resto da stack dele. O river foi uma carta em branco, ele esperou 30 segundos e anunciou all-in. Quase que ouvi o seu pensamento: "Bom, isto é muito esquisito e sei que posso ser batido; mas como tenho dois pares tenho de fazer isto." Obviamente que fiz o call, e fiquei em choque como puderam ver."

Peter Eastgate ainda acrescenta que "Ninguém me conhecia antes da World Series e agora isso está a mudar; muita gente quer entrevistas. Essa foi provavelmente a maior mudança. É óbvio que existe o dinheiro, mas ainda não decide o que fazer com ele. Eu estava bastante bem antes de vencer e podia ficar sem trabalhar cerca de dois anos. Agora parece que estou safo para o resto da vida."


Reportagem Inside Poker Magazine Report

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