31.7.09

Poker Kings homenageia Michael Jackson

No dia em que se soube da morte do rei da pop (25.06.09), o blog Poker Kings prestou a sua homenagem ao cantor fazendo luto no banner inicial. Esse luto durou exactamente uma semana, sendo depois o banner substituído por o novo e actual banner do Poker Kings.

O seu percurso no mundo da música é incomparável, e sem dúvida que deixou um rasto parecido e igual ao de Elvis Presley: uma vasta multidão de fans que apoiam a sua música, que depois dos anos 90 começou a perder cor. No entanto é ignorância não aceitar o impacto deste senhor na evolução do mundo da música pop,

Apenas queria que este pormenor ficasse registado no blog, e em baixo disponibilizo um screen do Poker Kings em fase de luto.

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30.7.09

É a minha vez de apostar... pensa!

Sempre que é a minha vez de jogar, tento percorrer um pequeno guião pela minha cabeça:

- Como estão os meus adversários a jogar? Conservativamente? Agressivamente? Á sorte?
- Quais são as mãos que provavelmente terão os meus adversários?
- O que será que eles pensam que eu tenho?
- Estou ou não em boa posição?

Depois de processar as respostas a estas questões, passo a perguntas mais importantes:

- Devo apostar (ou aumentar)?
. Se eu penso que tenho a melhor mão, quase sempre respondo que sim, e aposto ou aumento;
. Se eu penso que posso afastar adversários fracos do pot com esta aposta (ou futuras apostas), eu quase sempre respondo que sim e aposto ou aumento;
. Se eu tenho um bom draw, e penso que existe uma boa hipótese de afastar o meu adversário do pot, eu quase sempre respondo que sim e aposto ou aumento;

- Devo fazer check ou desistir?
. Se eu penso que tenho a pior mão, eu quase sempre respondo que sim e faço check ou desisto;
. Se eu penso que os meus adversários são fortes, eu quase sempre respondo que sim e faço check ou desisto;
. Se estou num draw mas o preço a pagar não compensa, eu quase sempre respondo que sim e faço check ou desisto;

Se, depois de uma análise cuidadosa, eu não ache que deva aumentar ou fazer fold; eu acho que dar call a uma aposta ou fazer check e o mais correcto.

Descobri que fazer este guião na minha cabeça durante até mesmo situações óbvias poderá ser bastante lucrável, visto que reparo em pormenores que outros jogadores não tomam em conta.
Ao fazer a pergunta "aposto-aumento" antes do flop, tenho a certeza que estou a jogar um poker agressivo. E poker agressivo é poker ganhador.

Por Phil Gordon

27.7.09

Não disputa um grande pot se não tiver uma grande mão

Estava em Foxwoods a disputar o evento de No Limit Hold'em de 2 mil dólares. Todos começámos com $3.000, e eu tinha já $15.000. Na minha mesa estava o Richard Tatalovitch, um jogador com quem tinha jogado bastantes vezes.

Eu aumentei pré-flop da posição média com e o Richard deu um call da BB. O flop foi . O Richard hesita por um momento antes de fazer check, e eu aposto o tamanho do pot. O Richard pensa por um pouco, e dá call. E de repente, eu não gosto da minha mão - assim tanto.

Imaginem o meu alívio quando um sai no turn. Agora eu tinha o par mais alto da mesa, e um kicker muito bom. O Richard aposta. Uh-oh.
Agora, deixem-me recuar um pouco e dizer que quando alguém hesita antes de fazer check, é normalmente uma grande tell. Mas o Richard é o rei da acção hesitante, por isso ignorei a sua tell e apostei no flop de qualquer maneira. E a sua aposta no turn gritava: "Aumenta-me! Desafio-te!"

Pensei bem fundo e os meus pensamentos foram algo como isto:

1. Ele flopou um trio. Isso explica o call no flop - ele estava a tentar enganar-me, mantendo-me em jogo, esperando que eu apostasse no turn também
2. Não. Se ele tivesse um trio fazia check no turn e esperava que eu me enforcasse sozinho; ou deixava-me apanhar qualquer coisa no river. Ele não pode ter um trio.
3. O valete ajudou-o. Eu não tenho o valete de ouros. Talvez ele o tenha, e tenha coberto a aposta no flop com um flush draw com valete alto. Se fôr assim, eu gosto do meu kicker e da minha mão.
4. Ele está a apostar com flush ou straight draw, tentando ganhar ali o pot.

Pensei em todas estas possibilidades, e não cheguei a conclusão nenhuma.

Normalmente, eu apenas faria um call nesta situação. Ambos tinhamos muitas fichas, e eu não queria apostar tudo com apenas o par mais alto. Depois, tive a infelicidade de me lembrar de uma mão que tinha acontecido à um mês atrás no Bellagio:

O jogo estava a correr mal ao Richard, e ele queixava-se de estar a sofrer muitas bad beats. Eu vi-o fazer check-call com par mais alto porque tinha medo que alguém tivesse feito poker! Um tipo que tem assim tanto medo dos monstros debaixo da sua cama não iria fazer check-call com um trio no flop ou um flush-draw.

Declarei "all-in".

Oops. Agora isto é um grande pot. E asseguro-vos, o par mais alto não representa uma grande mão.
Durante os 4 anos em que joguei com ele, nunca o vi a dar call tão depressa. Eu estava a morrer com o seu perfeitamente jogado .

Ás vezes todos nos esquecemos que grandes cartas não equivalem a grandes mãos; e que a jogada mais inteligente será jogá-las de uma forma conservativa em vez de ir atrás da "grande matança". Quanto ao Richard - ele teve a inteligência de se envolver num grande pot com uma grande mão, e teve a paciência para que isso lhe fosse lucrável.

Por John Juanda

26.7.09

Sr. enoehtshark? Desejo-lhe uma continuação de bons resultados

E os bons resultados continuam na Bwin. Tenho andado bastante bem nas mesas de Sit n' Go, ganhando 3 dos 5 torneios em que participei; juntando a essa ficha ainda um 2º lugar. Como é óbvio, estes resultados fizeram a minha bankroll dar um salto enorme. Vamos esperar que as coisas se mantenham assim.
O meu estilo de jogo nestes SnG de low stakes tem-se alterado um pouco: é óbvio que a má qualidade de jogadores existentes mereciam sem dúvida uma adaptação. Já estava farto de levar bad beats de iniciantes que sentem que um 4-6 fora de naipe é uma mão invencível. Bom, rumando a outros caminhos... tenho encontrado grandes jogadores nestes torneios. É essa a grande dificuldade dos low stakes: é que nas high stakes sabemos que estamos a jogar com bons jogadores, por isso existe um estilo pré-definido a seguir segundo a caracteristica de cada um. Em low stakes... bom, os bons estão misturados com os mãos. Tem de se andar a descobrir quem sabe ou não jogar. Sempre que acabo um torneio, dos 10 jogadores inscritos para aí 8 saiem anotados: desta maneira se os voltar a encontrar não terei de ter a árdua tarefa de perceber qual o seu estilo de jogo. Existem jogadores que estão a tentar aumentar a sua bankroll para prosseguirem para outras andanças, e existem jogadores que viram poker na TV
uma vez e decidiram gastar 2 dolares para ver como era. Por isto tudo, ao contrário do que se possa pensar é bastante difícil jogar em low stakes. Se calhar até é mesmo preferivel carregar uma bankroll com suporte para stakes mais elevados. Para quem não o fizer (como eu) o segredo é jogar muito tight. Irão existir vezes em que se irá perder, mas paciência. O poker é assim, e como diz Doyle Brunson: "Não existe jogador vencedor de poker que apresente uma subida contínua de bankroll. O poker é feito de altos e baixos; mas a diferença entre o jogador vencedor e o perdedor, é que o vencedor apresenta nesses altos e baixos uma média crescente." Se perder, a solução é jogar outro e recuperar. Simples.


A mão do dia vai sem dúvida para uma situação no fim de um torneio em que acabei por perder bastantes fichas. Só restavam 3 jogadores em jogo. Tinha 5,685 fichas e as blinds estavam a 100/200.

Na Small Blind recebo . O dealer faz fold, eu cubro os 200 e o BB faz check.
No flop sai . Posição era algo que não tinha, e então fiz check com gut shot straight draw. O meu adversário faz check também.
No turn sai . Consigo a minha sequência, por isso aposto uma BB disfarçada de bluff. O meu adversário faz raise para 700 fichas. Eu vou all-in over the top, e o meu adversário faz call. Para minha felicidade ele mostrou (trio de 6). Eu estava a caminho de partir para um heads up com fichas suficientes para ganhar o torneio.
No river sai , dando full-house ao meu adversário e tirando-me a liderança do torneio.

Well, what to do? It's poker.


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25.7.09

Devo ficar ou não?

Ser um bom jogador não se trata apenas de jogar boas cartas - mas também de se tomar boas decisões. E uma decisão muito importante que o caro leitor tem de tomar sempre que se senta num cash game é: Devo ir embora, ou devo continuar a jogar?

Quando deve continuar a jogar?

Eu vejo muitos jogadores jogarem poucas horas quando estão a ganhar, e muitas horas quando estão a perder. E quando os seus adversários estão a perder, normalmente é porque não estão a jogar o seu melhor jogo. Mas você está.

Quando está a ganhar, os outros jogadores têm medo de si; tem uma boa imagem na mesa. E quando tem uma boa imagem de mesa, pode escapar de coisas que não escaparia caso estivesse a perder. Primeiro, pode fazer mais bluffs. Normalmente um jogador perdedor tem medo de se envolver num pot com um jogador vencedor, por isso é mais fácil para si apanhar os pots. Pode representar mais mãos do que o normal, porque o seu adversário acredita que você acerta todos os flops.

Apenas é correcto sair quando está a ganhar se estiver cansado, ou quando começa a jogar mal.

Quando deve chamar-lhe "um mau dia"?

Muitos jogadores não sabem parar quando estão a perder. O caro leitor tem de se lembrar que irá sempre existir outro jogo de poker - se não fôr amanhã, depois de amanhã ou na semana a seguir. Eu gosto de pensar que o poker é um jogo contínuo que se prolonga durante toda a minha carreira. Por isso, se estou a perder mais do que 30 cegas num jogo, eu normalmente desisto.

Existem algumas razões para eu fazer isto: primeiro, se eu perco uma tonelada de dinheiro num dia, não me irei sentir com vontade para jogar no próximo dia. Isso significa que se eu decidir jogar no dia seguinte, poderei não fazer o meu melhor jogo. Poderei eventualmente ter de tirar uns dias para acalmar a minha cabeça. Outra razão é porque quando estou a perder mais do que 30 cegas, é porque não devo estar a jogar muito bem. Eu poderei pensar que estou a jogar o meu jogo "A", mas o mais provável é não estar. É impossível alguém ser mais objectivo acerca do seu jogo quando está a perder. Afinal de contas, não somos robôs: somos apenas seres humanos.

Por Jennifer Harman

22.7.09

Esteja atento... isso irá ser muito lucrável

Concentre-se em tudo quando estiver a jogar. Veja e ouça... lembre-se que tem de fazer as duas coisas, e eventualmente relacioná-las. Ouça o que o seu adversário diz, mas veja o que ele está a fazer independentemente do que diz - isto porque muitos jogadores falam loose e jogam tight, e um pouco mais tarde invertem esta tendência. Por isso, olhe para o homem sempre que ele está envolvido numa mão. Julgue-o sempre. É assim que irá conhecer os seus movimentos.

Se não está a aprender o que quer apenas observando e ouvindo, crie a sua própria oportunidade. Tente fazer-lhe um bluff numa altura chave e veja se ele faz call ou não - com isto irá ver com que tipo de mão ele é capaz de fazer call, e com que tipo de mão ele faz fold.

Claro que qualquer pessoa com dois dedos de testa irá impedi-lo de o conseguir ler. Mas o caro leitor irá sempre conseguir lê-lo porque é extremamente difícil para alguém esconder o seu carácter.

Os verdadeiros sentimentos do homem vêm ao de cima num jogo de poker

Esta frase remete-nos para mais uma subtileza do poker: Nem toda a gente que o caro leitor irá defrontar pensa da mesma maneira que você. Quase todos querem vencer, mas esperam fazê-lo de maneiras diferentes.

Por Doyle Brunson

20.7.09

Retrospectiva: Bwin

Bom, ao fim de 20 dias a retrospectiva é bastante positiva. Pela primeira vez decidi jogar a dinheiro real, e está a ser sem dúvida bastante lucrável. Pena ainda não ter bankroll que me permita jogar em limites mais altos... Mas ei de lá chegar sem dúvida.
Para já, se é leitor assíduo do Poker Kings, jogo freerolls de $10 de pool prize, e $1,20 de inscrição. Tem sido muito mais lucrável do que os cash games, onde andava ora em cima ora em baixo.

Com os sit and Goes tudo é mais fácil, e tenho tido muitos bons resultados. Só tenho pena de não ter começado logo desta maneira (só jogo Sit and Go's à cerca de 6 dias) senão a minha bankroll estaria muito mais recheada do que já está.
Bom, de uns iniciais $14 tenho neste momento $28; e acredito que no final do mês ascenda aos $50. Aí já poderei tomar outras liberdades que por agora são proibidas.

Os torneios têm corrido muito bem, apesar daquelas ondas em que tudo parece correr mal. Nos limites baixos não existem muitos bons jogadores, e sou obrigado a jogar extremamente tight. Não é o estilo que mais prefiro, mas contra os jogadores que frequentam esses freerolls: é sem dúvida o mais correcto a utilizar.

Bad beats, isso nunca falta. A última que levei tinha eu no botão, e como é óbvio, fiz um raise de 3 vezes a Big Blind em pré flop (não vá nenhum marmanjo ver o flop com algo como 9-6 e flopar duplo...). Tive um call de outro jogador conservativo, a quem eu pus a hipótese de ter .
O flop foi , e o meu adversário faz um raise do tamanho do pot. Eu sabia que ele tinha K com um kicker alto, por isso fiz re-raise para o dobro do tamanho do pot. Nisto, o meu adversário vai all-in. Confesso que ainda pensei na hipótese de duplo par, mas ele era conservativo demais para ir a jogo com algo como K-6 ou K-2; e no caso de ter KK ele teria feito re-raise em pré-flop. Fiz call. Para minha felicidade, o meu adversário tinha e eu estava na frente. Turn: .
É por causa deste tipo de jogadas que existem os altos e baixos, porque quer a gente goste ou não; a sorte é um factor existente no poker. E ainda por cima nos limites baixos, onde a maior parte dos jogadores joga por diversão em vez de tentar aumentar a sua bankroll para subir para outros limites.

Em baixo mostro um gráfico dos meus primeiros 20 dias na bwin, que representa a evolução da minha bankroll ao longo desses 20 dias.

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E agora para o caro leitor dar uma valente gargalhada, veja a imagem em baixo:

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19.7.09

Jeff Shulman e o seu Lixo

Para os que ainda não sabem, Jeff Shulman é um jogador de poker (também editor da revista Card Player) e encontra-se entre os 9 de Novembro da World Series of Poker de 2009. O que aconteceu, foi que Jeff afirmou que caso vencesse a competição, iria deitar a bracelete da WSOP para o lixo.
Atribuiram-se vários motivos para esta atitude, e o mais falado foi uma suposta venda de cobertura exclusiva da World Series para a revista rival: Bluff.
Jeff desmentiu esse facto, dizendo que a sua atitude deve-se essencialmente à mudança de gerência da World Series. Shulman afirma mesmo que os novos executivos deturpam a WSOP, ao contrário dos antigos que amavam o jogo e em que tudo girava à volta dos jogadores.

Quanto à questão da bracelete, afirmou mesmo que já tinha outros planos para a dita: possivelmente leiloar a bracelete revertendo assim o dinheiro para caridade.

Bom, eu sinceramente acho que o Jeff até poderá ter razão no que diz: é preciso defender a nossa paixão, que tem sofrido uma expansão enorme: isto arrasta mais dinheiro para a caixa registadora que é a World Series. Existem mais jogadores, mais contractos, mais dinheiro em jogo. Relembro ao caro leitor que a primeira edição da WSOP foi realizada em 1970, e continha apenas seis jogadores.

Por isso sim, acredito que o Jeff (melhor do que qualquer um de nós) saberá o que se passa na gerência da World Series; e que esteja com a melhor das intenções.

Agora, assumo o risco de falar por todos nós: se ele realmente fizer o que diz, será uma falta de respeito para todos os jogadores de poker no mundo que sonham em vencer tamanho prémio e prestígio. Não é todos os dias que se é campeão mundial, e poucos o conseguiram fazer mais do que uma vez. Atingir este feito e simplesmente renunciá-lo è uma falta de respeito a toda a comunidade de poker. Ganhar esta bracelete, é simplesmente uma experiência única na vida. É demasiado importante.

Existem maneiras de se lidar com as coisas, e se a WSOP está com má gerência não é deitar uma bracelete ao lixo, ou leiloá-la que irá mudar as coisas. É como tentar abrir uma porta com algo sem ser uma chave. Para quê, se sabemos que não irá resultar?

Não sei como isto irá acabar, agora só em Novembro. No entanto, é a primeira vez que torço para que um "November 9" não ganhe o título mundial. Seria mesmo muito mau.

Por André Leitão

18.7.09

Disparar a 2º Bala

No No Limit Hold'em, uma das situações mais difíceis e assustadoras acontece quando se faz bluff no flop e se recebe um call. O turn traz uma carta pouco interessante, e uma decisão fica a massacrar-nos a cabeça: deverei disparar uma 2ª bala, e continuar com o bluff?

Recentemente, no evento da World Poker Tour no Mirage, um adversário lançou-me um "duplo bluff"; e fez com que eu desistisse da melhor mão. Aconteceu no início do torneio, e eu estava na última posição. O meu adversário, um profissional cujo jogo respeito, aumentou a partir de uma posição inicial e eu acompanhei com o meu . O flop foi . O meu adversário apostou, e eu acompanhei. No turn saiu uma carta pouco interessante, e o meu adversário apostou muito forte.

Eu estava numa situação difícil. Era o ínicio do torneio, e eu não queria pôr todas as minhas fichas em jogo com uma mão daquelas. Eu tinha quase a certeza de que o meu adversário não iria lançar uma aposta daquele tamanho sem ter ou . Mas com uma mão como essas, ele deveria preocupar-se em estar batido; e tentaria chegar ao showdown o mais barato possível. Cheguei então à conclusão que ele ou teria uma mão muito forte - como um trio de valetes - ou então não tinha nada de especial.

Eventualmente, acabei por fazer fold ao meu par de ases. O meu adversário mostrou então .
Dei ao meu adversário muito crédito, pois jogou a sua mão muito bem. Ele tinha um bom sentido do máximo que eu estava disposto a arriscar na altura. A sua jogada ilustra a consideração mais importante que se tem de ponderar quando nos questionamos se devemos continuar com o bluff: O estado do nosso adversário.

Se o caro leitor está a jogar contra um adversário que não estará disposto a jogar sem ter um agrande mão, disparar uma 2ª bala poderá forçá-lo a fazer alguns maus folds. No entanto, para isto funcionar é necessário estipular o preço que o adversário estará disposto a pagar, e depois apostar mais do que ele supostamente poderá aguentar. Na mão que discuti acima, o meu adversário colocou um preço que eu não estava disposto a pagar.

Ás vezes, um jogador atrevido poderá arriscar e fazer call a todas as apostas com alguma coisa, como por exemplo um segundo par. É preciso perceber que ele está a tentar passar pela mão desta maneira, e depois disso, eleve as suas apostas a um preço que ele não possa pagar.

No entanto, se estiver a jogar contra um tipo que tem a coragem de fazer call a qualquer aposta, com qualquer mão; talvez seja melhor recuar um bocadinho, e esperar até flopar uma boa mão.

O mais importante é conhecer o seu adversário. Se estiver atento à sua mesa, e apanhar as tendências de cada um, irá encontrar muitas oportunidades de fazer bluffs de dois tiros.

Gostaria de acrescentar por conta própria, que defendo mais este tipo de bluffs em cash games do que em torneios. Nos cash games sou apanhado, faço um re-buy e possivelmente; uso a informação que conheço e que dei a meu favor para recuperar o meu erro. No entanto num torneio se cometo um erro destes... é o fim da aventura para mim.

Á medida que o seu jogo No-Limit evolui, estude os seus adversários e identifique aqueles que são vulneráveis aos bluffs no turn. Enquanto desenvolve esta perícia, irá apanhar alguns pots chave tornando-se assim num jogador mais rentável.

Por Greg Mueller

17.7.09

Estão descobertos "Os 9 de Novembro"

Mais uma dura fase de eliminação do maior campeonato de poker a nível mundial terminou, revelando os 9 jogadores que irão preencher a final table dia 9 de Novembro (como é usual). A grande alegria para mim, foi ver Phil Ivey entre os 9 finalistas: já tinha lido que o Phil estava a ir bastante bem no torneio, e de facto foi uma grande conquista. Isto porque é sempre importante ter a presença de um profissional na final table. O ano passado tivemos Chino Rheem, que infelizmente não conseguiu alcançar a tão desejada bracelete.

Este ano, é Phil Ivey que reune a comissão de profissionais que irão desta vez fazer de claque; esperando assim que o título vá finalmente para as mãos de um profissional consagrado. No entanto Phil Ivey não parte com muita vantagem, estando até mesmo nos últimos lugares da tabela. A situação curiosa foi mesmo a eliminação de Jordan Smith; que terminou em 10º lugar na bubble abrindo assim a mesa final dos "November 9". Jordan empenhava que acabaram por perder contra ; sendo o flop .

Sendo assim, os finalistas irão refrescar a cabeça até dia 9 de Novembro onde começará a derradeira perseguição pela única coisa que importa: o título mundial.

Aqui deixo a posição dos "9 de Novembro" na mesa final:

Cadeira 1 - Darvin Moon (59,770,000 fichas)
Cadeira 2 - James Akenhead - (5,760,000 fichas)
Cadeira 3 - Phil Ivey - (10,100,000 fichas)
Cadeira 4 - Kevin Schaffel - (13,080,000 fichas)
Cadeira 5 - Steven Begleiter - (28,195,000 fichas)
Cadeira 6 - Eric Buchman - (36,300,000 fichas)
Cadeira 7 - Joe Cada - (13,620,000 fichas)
Cadeira 8 - Antoine Saout - (10,200,000 fichas)
Cadeira 9 - Jeff Shulman - (20,510,000 fichas)

14.7.09

O Comportamento dos Bons Jogadores

Um dos lugares onde uma pessoa mostra realmente o seu carácter, é numa mesa de poker. Muitos jogadores que agem apropriadamente na maior parte das situações sociais, comportam-se mal quando estão a perder. Alguns agrediem verbalmente os dealers quando estão a perder. Eles insinuam que os dealers têm controlo sobre o resultado da mão. Outras levantam-se, acusando um jogador de ter jogado mal ou de não saber jogar. Talvez a gente não veja o verdadeiro caractér da pessoa numa mesa de poker, mas por outro lado, vemo-la no seu pior.

É importante que o caro leitor se lembre de ficar calado quando está a ganhar, para não irritar os jogadores que estão a perder. O jogador que ganha o pot deve deixar o adversário ganhar a discussão. Se tem uma piada para contar, não o faça até que esteja a perder e os outros a ganhar. Uma vez joguei num jogo onde encontrámos uma boa solução para os vencedores faladores: apenas os que estavam a perder podiam falar. Era um jogo muito sossegado, e foi um bom treino para a minha carreira no poker.

Os derrotados não irão ter simpatia numa sala de poker. Visto que a maior parte dos jogadores perde, eles irão muitas vezes disfrutar e até mesmo celebrar a miséria dos outros. É incrível como muitos jogadores que, procurando simpatia, mostram as suas mãos derrotadas e até explicam como fizeram o fold mais correcto; e fazendo isto revelam as suas estratégias.
Parece que aparentemente, é importante para eles receberem a compreensão dos bons jogadores; e ficarem assim conhecidos como os jogadores com mais azar da sala.
É claro que a maior parte destes jogadores que se queixam possuem uma memória muito selectiva: quando ganham uma mão onde nem sequer deviam estar, esquecem-se rapidamente; mas quando o contrário acontece agem como se estivessem a ser roubados.

Quando alguém joga muito mal e me persegue com muitas poucas hipóteses de vencer e consegue fazê-lo; eu não lhe dou lições ou tento envergonhá-lo. Lembro-me do dinheiro que ele me deu em jogadas parecidas.
Ás vezes os jogadores vencedores têm de jogar com regras diferentes das dos perdedores. Em retaliação, um jogador vencedor deve evitar mostrar ao adversário como jogou mal ou humilhá-lo.

Eu raramente mostro a minha mão quando não há showdown, mesmo que tenha feito um grande bluff. Um adversário que mostra todos os seus bluffs está a ensinar-me como lhe vencer. Posso ficar tranquilo quando desisto e ele não mostra a sua mão, por exemplo. Como ganho constantemente, tento passar despercebido na mesa agindo como se fosse um jogador normal com altos e baixos.
Tento acima de tudo ser humilde. Se um jogador critica uma jogada que eu fiz que resultou bem, eu não me defendo. Sem querer ser sarcástico, posso mesmo dizer: "Fica por aqui. Consigo fazer jogadas piores que estas toda a noite." Se alguém me insulta, eu lembro-me que já tive sorte muitas vezes. Se eu me gabo acerca do quão inteligente sou, como joguei muito bem uma mão ou como bem estou a ir no jogo eu penso para mim mesmo: "Merecias perder por ser tão convencido." Confiança a mais pode levar ao descuido na tomada de decisões.
Os deuses do poker podem dar uma série de más cartas que faria qualquer jogador parecer um tolo.

Por Barry Greenstein, em Ace on the River

12.7.09

All-In!

Se o caro leitor pretende ser um bom jogador, é bom que comece a evitar este movimento. Sempre que estou a jogar com iniciantes ouço um all-in em cada dois minutos. Tenho par mais alto: all-in. Tenho o nut: all-in. Estou a fazer bluff: all-in. Tenho um bom jogo: all-in. O tipo ta em flush draw: all-in. Acho que ele está a fazer bluff: all-in.
Quando jogo com profissionais em grandes torneios ouço muito raramente estas palavras, excepto quando estamos na recta final do torneio onde as cegas são elevadíssimas e os pots são monstruosos. Nessa altura todos fazem de tudo para ganhar os pots e roubar as blinds, sendo essa a razão porque os all-ins se tornam tão repetitivos e constantes. E é aí que acontecem as conclusões mais erradas.

"O Johnny Bax fez um all-in com 6-6 numa posição média e ele é grande jogador, então isso deve ser correcto". "O Phil Ivey cobriu um all-in com A-10 fora de naipe, por isso eu vou fazer igual." "O Daniel Negreannu fez um all-in por cima de um raise e um call com 9-9. É isso mesmo, o truque é pôr fichas e ir all-in."

O que as pessoas não percebem é que esses grandes jogadores jogaram durante horas (no caso on-line) e durante dias (em torneios ao vivo) para chegarem bem colocados na recta final dos supostos torneios. Uma vez na recta final, a agressividade impera e os blinds muitas vezes representam uma boa percentagem da stack de cada jogador.

Por exemplo, numa final de torneio, numa mesa com nove jogadores temos:

Player 1 - 320.000 fichas
Player 2 - 260.000 fichas
Player 8 - 49.000 fichas
Player 9 - 30.000 fichas
Blinds - 5.000/10.000 - Ante - 1.000

Ou seja, o pote tem 5.000 do small blind + 10.000 do big blind + 9.000 das antes = 24.000 fichas na mesa, mesmo antes de a mão começar.

Imaginem que o player 8 recebeu no cut-off. Ele tem 45K em fichas. Só no pot estão mais de metade das fichas que ele possui. Se conseguir roubar o pot irá passar para 69K, sem jogar. Por isso vai all-in e tenta roubar as gigantescas cegas. Todos fazem fold até ao big blind (player 2). Ele sabe que o player 8 tem enormes possibilidades de estar a roubar as blinds. Ele olha para a sua mão: . Ele faz call e:

1. Player 8 dobra e as pessoas pensam: "Tem de se apostar mesmo com K8, ainda por cima do mesmo naipe. O poker tem haver com jogar com coragem."

2. Player 8 é eliminado e as pessoas pensam: "Tem de se fazer mesmo call com A7, ás é ás. O poker foi feito para fazer call com A7".

Se esses dois jogadores forem o Doyle Brunson e o Gus Hansen, então é que as conclusões serão ainda piores: "Se o Doyle e o Gus fazem isso e eu quero ser um grande jogador, tenho de fazer igual a eles". Nada disso.
Estes tipos jogaram durante horas (ou dias) para chegar ali. Desistiram de pré-flop. Desistiram de com um rei na mesa, pois o adversário estava a dar indícios que possuía um jogo melhor. Desistiram de muitos flush draws, straight draws e pares altos. O que acontece é que essas mãos não passaram na TV!


A TV só mostra a recta final dos torneios. E daí as pessoas que assistem a esse momento tomam conclusões muito erradas. No outro dia, sentei-me com os meus amigos para jogar e era all-ins a cada dois minutos.

Divido os all-ins dos jogadores iniciantes em 4 classes:


1. Estou com medo ou revoltado
Tenho aumento 3 vezes a bib blind pré-flop e recebo um call:

Flop: . Lindo. Faço uma boa aposta (igual ao tamanho do pot) e o tipo faz call.
Turn: . Aposto bem alto (outra vez o tamanho do pot) e o tipo faz call.
River: .

Caramba, se este tipo tiver ele faz um duplo par maior do que o meu. Se tiver um K qualquer faz sequência. Será??? Eu não mereço. Este pot era meu. Não é justo. Não pode ser. ALL IN!!!

2. Estou a fazer bluff

Tenho . Um tipo aumenta 4 vezes a grande cega em pré-flop e eu faço call.

Flop: . Faço raise para tentar ganhar o pot com um bluff. O tipo faz call.

Turn: .

O tipo só fez call. Ele não deve estar assim tão forte. O segundo 4 não o ajudou em nada. Talvez ainda o tenha assustado mais. Situação perfeita para roubar. ALL IN!!!

3. Bateu o meu jogo e eu não me aguento

Tenho . Um tipo sobe 3 vezes a grande cega em pré-flop e eu faço call.

Flop: . O tipo aposta.

ALL IN!!!

4. Eu sou muito macho

Tenho . Um tipo sobe 4 vezes a grande cega em pré-flop. Eu faço um raise alto. Ele faz-me um re-raise alto. Ele acha que tenho medo dele. Eu sou macho. Comigo não. ALL IN!!!

O que fazer?
No caso 1, o seu all in não tem valor e você não deve apostar nada. Ele pode ter AA, JJ, KQ, AK, AQ, KK, 66 e você está perdido em qualquer um dos casos. Você apenas consegue ganhar a A6 ou a Ax. Todas as outras mãos são absolutamente improváveis. De nove mãos prováveis você só está a ganhar em duas. Não adianta chorar, gritar ou espernear. Se fizer all-in, ele vai fazer fold em qualquer mão perdedora e vai fazer call se tiver a mão ganha. O mais certo é fazer check e esperar pela aposta dele. A partir desse ponto, decida se paga ou desiste. Não vá all-in por medo ou revolta. Não tem nada a ganhar com isso.

No caso 2, caso resolva fazer bluff aposte 1/3 da stack do seu adversário. Não é preciso ir all-in. Se ele não tiver nada ou uma mão fraca ele vai desistir. Não é preciso colocar todas as suas fichas em jogo num bluff. Se estiver muito forte, ele fará um re-raise e aí você desiste, uma vez que não tem nada. Para quê ir all-in?

No caso 3, tente extrair fichas; não é um momento de tudo ou nada. Esse é o momento para crescer bastante em fichas. Tente atingir esse objectivo calmamente. Pense na melhor maneira de obter fichas do seu adversário. Para quê all-in?

No caso 4, pare com isso. Poker não é nenhuma prova de masculinidade. O poker é um jogo de habilidade e inteligência. Quer provar que é valente? Entre para o vale tudo.

O ALL IN DEVE SER UDADO BASICAMENTE EM 3 SITUAÇÕES:
a) Quando você quer defender a melhor mão.

Você tem .

Flop: . Um cara aposta, o outro paga. Você faz um raise alto imaginando que um está em flush draw (com 2 copas na mão) e o outro está em straight draw (10-J na mão, por exemplo).
Os dois jogadores pagam a sua aposta, confirmando o seu pensamento.

Turn: . Ufa... nada mudou. Um tipo aposta, o outro continua a pagar. O pot será enorme.
All-in poderá ser um óptimo movimento. Defenda a mão vencedora até ao momento. E quem quiser pagar o seu draw, que pague bastante caro.

b) Quando o adversário avisa que quer entregar tudo.

Você tem e sobe 3,5 vezes a grande cega. Um tipo faz call.

Flop: . Você faz check. Ele faz um raise alto. Você faz um raise grande nele. Ele sobe novamente colocando metade do stack dele na mesa (avisando que não vai largar a mão).
All in. Ele quer entregar tudo e você não tem como fugir. Só comemorar.

c) Em recta final de um torneio

Isso já foi falado exaustivamente em cima.

Existem dezenas e dezenas de exemplos de cada um dos tipos de all-ins desastrados que eu citei. Para cada tipo mencionado, eu poderia mostrar muitos mais exemplos de acções indevidas e incorrectas que levam os jogadores iniciantes a fazer asneira. Não tenho espaço para esmiuçar todas as situações possíveis. Aprenda com os exemplos dados, e não os cometa na sua mesa de poker. Não pense que vai aprender alguma coisa sobre como jogar um torneio de poker assistindo apenas às mesas finais em sites ou na televisão. Os all-ins sucessivos e a agressividade das mesas finais não são bons exemplos de comportamento ao longo dos torneios. São excepções, não regras.

Por Igor "Federal" Trafane, em FLOP