24.12.09

Uma Modalidade Mal Compreendida

É uma modalidade mal compreendida, principalmente pelos jogadores amadores que acabam por influenciar - e mal - outras pessoas que pretendem aprender a praticar a modalidade.
No outro dia, no decorrer de uma conversa com um colega meu - que adora jogar - defendia ele uma teoria bastante interessante. Dizia que não compreendia a existência de profissionais no poker, devido à variância que existe no jogo. Afirmou que até ele mesmo era capaz de vencer um profissional de alto nível, como por exemplo o Phil Ivey. Bom, é óbvio que a sua ignorância neste assunto é imensa, e passo a explicar o porquê de a sua teoria estar totalmente errada. Ah, e também existem argumentos do género: "Se um 7-2 pode vencer um AA com um bom flop, como podemos falar de habilidade e experiência no poker? É única e simplesmente uma questão de sorte!"

É verdade que qualquer pessoa - sim, mesmo uma que tenha acabado de aprender poker à 5 minutos - é capaz de se sentar a uma mesa e ganhar um torneio. Afinal de contas é por isso que o poker é uma modalidade tão intensa: qualquer um pode vencer. No entanto não é aqui que se vê o quão bom é um jogador de poker.
Quantas vezes, senão sempre, vemos alguém vencer pela primeira vez um EPT ou até mesmo uma WSOP e ser denominada pela imprensa e, no fundo também pela população geral, como o novo prodígio do poker? O quê, por ter ganho um torneio? Acham isso justo?
Quantas vezes já não foram eliminados de torneios por pessoas que sabem muito menos do que vocês acerca de poker? Isso significa que por vos terem eliminado, são melhores do que vocês? É claro que não.

Vamos lá esclarecer então este dilema: se têm o mesmo pensamento que as pessoas de que falei no ínicio do artigo, compreendam de uma vez por todas que o poker é um jogo de longo prazo! Um bom jogador não se vê por ganhar um torneio, nem pelo dinheiro que faz num dia, numa semana, ou num mês; mas sim em anos.

Pegando na analogia do primeiro caso: podemos sentar-nos com um profissional e vencermos? Sim, podemos. Mas repetindo essa experiência várias vezes, acreditem que iam vencer 2 torneios e o Phil Ivey ia vencer 10, 20 ou 30. O poker não é uma modalidade para ser vista ou analisada a curto-prazo; tal análise resultaria em informação inválida e enganosa tendo em conta a variância imposta pela modalidade.

É por não perceberem este lado do poker, que muitos patos dão call a raises com 7-2, 10-2 ou 5-3 simplesmente porque têm curiosidade em ver se bate uma sequência, um duplo par ou até mesmo um par. Não percebem que a essência do poker não é acerca de vencer uma mão específica, mas sim maximizar ao máximo o valor de cada mão que se joga. É óbvio que ao jogar um 10-5 fora de naipe posso fazer um duplo par, um fullhouse ou um poker - no entanto um bom jogador sabe que esta mão tem muitas poucas probabilidades de estar na frente, e por isso descarta-a. Percebe que se jogar esta mão 30 vezes, vence 1 ou 2 potes - e isso não é uma jogada lucrável a longo prazo.

É tudo uma questão de longevidade, e os grandes jogadores mundiais são profissionais exactamente porque mostraram ao longo dos anos excelentes resultados e lucros incríveis. É por isso que são distinguidos entre os demais, e aproveito já agora para destacar Johnny Chan que venceu duas WSOP seguidas, e na 3ª ficou em segundo lugar. Isto sim, é um profissional de poker - e dos mais temidos dos circuitos.

Portanto, aconcelho a quem é novo nesta modalidade a estudar bastante (podem consultar os livros mencionados na secção "Books" da pagina inicial do Poker Kings), porque isto está longe de ser um jogo de azar. Se não era isto que esperavam, o blackjack, a roleta ou o bingo são opções bastante viáveis.

por André Leitão

PS: O Poker Kings deseja-vos um feliz Natal e um próspero 2010!

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