20.12.09

A Etiqueta no Poker

Na mesa a melhor coisa é ficar totalmente imperscutável, evitar comentários sobre as suas jogadas e, sobretudo, sobre as dos outros. Relacionar-se educadamente com os adversários e não se abandonar em manifestações de alegria quando se vence nem de desconforto quando se perde.
Infelizmente, nem todos se comportam assim; alguns jogadores falam continuamente em voz alta, comentam, protestam, queixam-se... por outras palavras: perturbam a partida, não se importando com os outros; por vezes, fazendo-o com intenção de perturbar os adversários, para os distrair do jogo. Em nome do bom relacionamento tendem a ser bastante tolerantes para com este tipo de comportamentos. A título informativo, tenha em consideração que se nós europeus temos do que nos queixar, a América é muito pior: numa mesa pode haver verdadeiros perturbadores, sem que ninguém faça nada para os calar.

Há outras coisas que não devem de todo ser feitas, como gestos de desconforto quando se deitam as cartas fora e depois sai um flop que teria vindo mesmo a calhar. No entanto, se a opção foi dar fold, quer dizer que havia boas razões para isso - que as probabilidades não eram a nosso favor e o facto de que, por acaso, pudesse vir a haver um bom flop não deve causar qualquer tipo de arrependimento. Se o fold foi correcto, no futuro com aquelas cartas, a opção deverá ser dar novamente fold. Depois, e ainda mais importante, os gestos de descontentamento teriam denunciado a quem ainda estava em jogo o tipo de cartas, ou seja, influenciariam a mão, ainda que nela participando, e isto seria decididamente incorrecto.

No que toca à ordem do jogo, fala-se de uma norma que em todos os casos deve ser respeitada: um jogador tem sempre de seguir a ordem do jogo - isto é, falar sempre e somente quando fôr a sua vez. Poderá, eventualmente, acontecer que esteja distraído - nada de grave, será o dealer a avisar o jogador de que é a sua vez. Contudo, isto não deve tornar-se regra: quando se joga deve-se "seguir o jogo" e agir no momento certo. Se um adversário, por arte ou por falta de atenção, sistematicamente é apanhado impreparado - atrasando a partida e tornando-a menos agradável - há todas as razões para protestar com o dealer, que o deverá chamar à atenção.
Pior ainda do que não agir na sua própria vez, é agir fora dela. Aqui já não se trata de uma questão de protocolo e respeito; falar fora da nossa vez é uma verdadeira violação das normas do jogo, porque oferece informações indevidas a quem deveria falar sem as conhecer, e isto poderá certamente, alterar o regular decorrer de uma mão. Até o simples facto de dar fold antes do jogador da direita falar pode influenciar a jogada (que fará consciente de que você já deu fold), para ira de quem se senta à sua esquerda e se sente, justamente, prejudicado. Mais, errar pode acontecer a todos (e neste caso é-se chamado à atenção para futuras apostas), mas se for apanhado alguém que o faça de propósito... impeçam-no de o fazer. Diferente é, em vez disso, o discurso dos espertinhos, que se mostram prontos a deitar fora as cartas para induzirem o jogador à sua direita a apostar, mas depois... mudam de ideias e talvez façam raise; ou vice-versa: seguram na mão fichas, para mostrarem a intenção de jogar, mas depois, fazem check no check do adversário. Estes deploráveis artifícios não devem ser utilizados. Só servem para fazer má figura e atrair a antipatia de todos.

por Dario de Toffoli

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