30.8.10

E Cheguei aos 300






Como já tinha dito em posts anteriores, começei a jogar os Sits de $5,50 e até agora tem sido bastante positivo. O acréscimo foi de cerca de $200 de lucro ganho em 4 dias, um valor bastante simpático tendo em conta a minha banca inicial na FullTilt de $10. Quanto aos sits, acho-os bastante rentáveis: o skill dos jogadores não é muito forte - estou a explorar isto ao máximo. Continuo, no entanto, a achar que tenho bastantes problemas nos Heads Up. Estou já a estudar essa situação especifíca e a treinar as situações push/fold no SnG Wizzard para maximizar os ganhos porque hoje fiz 6 ou 7 segundos lugares o que não é nada normal. De certeza que sou eu que os estou a jogar mal, vamos ver se com este estudo extra as coisas começam a correr no melhor sentido.
Outro ponto positivo é que já não sinto pressão em relação ao rake. Como não tenho nenhum negócio de rakeback, quando jogava os sits de $2,25 sentia uma enorme influência do rake na minha banca. Mas agora com a subida para as low stakes, o buy-in já tem maior relevância em relação ao rake e então isso deixou de ser uma preocupação.

Quanto a artigos irei tentar postar alguma coisa esta semana, possivelmente relativo aos SnG's.

Cumprimentos,
André Leitão

29.8.10

Uh? O que disseste Lon McEachern?

Bem, qual não foi o meu espanto ao ver o episódio 8 das WSOP 2010 quando Lon McEachern se refere ao jogador Mihail Salim como um "jogador profissional de Lisboa, Portugal". Ora vejam o minuto 5:50 do vídeo abaixo.


25.8.10

Desafio dos $10 aos $100 Completo




Com a ajuda da vitória no Knockout de $3 + $0,30, consegui superar o desafio a que me sujeitei à umas semanas atrás. Já saí das microstakes, e agora estou a jogar os SnG de $5,50. Sinceramente, acho o nível do field praticamente o mesmo; mas confesso que o jogo é muito mais tight e sólido. Enquanto que nos de $2,25 nas primeiras mãos eram logo 2 jogadores eliminados, nos de $5,50 as cegas já estão a 50/100 e está praticamente toda a mesa em jogo. Ora, isto envolve ter mãos e ficar com uma stack confortável ou... entrar em all-in mode com 10 BB's ou menos. Na minha opinião é isso que dá tanta variância aos sits, e parece que quanto mais subir de limites mais essa situação tem de estar bem dominada. Ontem senti que apesar de fazer alguns ITM's, não tinha abordado correctamente a situação push-fold. Por isso irei dedicar cerca de 1 hora por dia a treino de situações push-fold no SnG Wizzard, e mais meia-hora para rever as fases finais de todos os torneios jogados. Para já tem corrido tudo bem, como podem ver o gráfico estou up $167 e espero continuar assim até aos $550/$600 para começar a atacar os SnG de $11 + $1.

Por agora é tudo, cumprimentos e boa sorte nas mesas
André Leitão

23.8.10

1º Lugar no Knockout da FTP

Foram $72 mais $1,5 de bountys - $73,5 (58€) arrecadados no Knockout da FTP de 90 jogadores com $3 + $0,30 de buy-in. Já tinha tentado várias vezes este torneio, muito devido ao seu buy-in reduzido (que facilmente é devolvido com as bountys) e o seu pagamento enorme. Até hoje apenas tinha conseguido 2 ITM's, mas desta vez foi em grande. Sinceramente, estava running good. Eu jogo num estilo muito conservador-agressivo, e tive a sorte de nas vezes em que fui a jogo ou conseguia dobrar ou roubava o pot em semi-bluff. Correu-me tudo bem, e a mão crucial foi mesmo a do Doyle! Um T2 de espadas dobrou-me para as 100 mil fichas: eu estava na BB e ninguém tinha raisado, fui ver um flop que trouxe T-A-2. O villain com A6 (enfim, estamos num MTT) deu raise, eu re-raise e ele re-raise-all-in com insta-call meu. Eu fiquei bastante surpreendido com o seu all-in, isto porque nessa altura restavam 13 jogadores no torneio e ele tinha as mesmas fichas que eu. Não percebo porque arriscou assim tanto com uma mão marginal, mas pronto: ainda bem. A partir daí foi gerir até chegar à final table, pelo caminho eliminei dois jogadores.
Cheguei à final table muito confortável como chip leader - a final table foi gravada, e está em baixo do post para quem tiver a curiosidade de ver como foi. Sinceramente, a partir do momento em que cheguei à FT encarei aquilo como um SnG daqueles que - como vocês sabem - sou regular assíduo. Portanto, joguei tight inicialmente aproveitando a minha monstruosa stack para eliminar shorts com mãos de força moderada. O caminho foi feito até chegar a heads-up onde enfrentei um adversário que se mostrava bastante agressivo. Muitas das mãos não as joguei da melhor maneira, mas este era o meu momento: e não achei necessário nessas alturas estar ali a arriscar fichas com Cbets. Prefiro shovar pré-flop do que cometer uma burrice dessas contra um adversário tão agressivo. Portanto a minha estratégia foi simplesmente utilizar a minha stack enorme para dar call aos seus raises (que devido à sua agressividade eu sabia que ele não poderia foldar) com mãos medíocres e tentar atingir um flop. Enquanto isso, roubava uns pots once in a while para me manter a flutuar. A estratégia resultou bastante bem, houve uma fase em que eu estava a ver as fichas a inverterem muito rápido mas consegui controlar a situação e manter a estratégia do complete-call pré-flop a funcionar. A mão acabou com um T9 meu com raise do villain, eu call e flop de 93T dois paus. Acabou em all-in, com o villain a mostrar straight draw fechada que (felizmente) não se chegou a completar.

No geral penso que joguei bom poker, os resultados finalmente chegaram e este é apenas um pequeno passo no avanço do meu jogo on-line.




15.8.10

Reconhecem esta cara?

Claro que sim, quem é capaz de se esquecer? Podem não saber o seu nome real - já agora é Mads Mikkelsen - mas de certeza que o conhecem como Le Chiffre - o mauzão do primeiro filme de 007 com Daniel Craig como protagonista: Casino Royale. Ao que parece Mads já conhecia muito bem o mundo do poker, pois a maior parte dos actores não conhecia/praticava a modalidade antes de rodar o filme - tiveram aulas de poker dadas por Daniel Andreas, um dealer profissional que também aparece no filme representando o dealer do grande e decisivo torneio final. Esta foto de Mads é referente a um EPT de 2007, onde aparece com o patch da PokerStars! Chap chap, Le Chiffre!

4.8.10

Crítica: O Mau Comportamento nas Mesas

Toda a gente fala em fair-play, aliás, recordo-me que há uns tempos atrás até era moda: crianças entravam nos jogos com bandeiras enormes a dizer fair-play, em certas jogadas os jogadores devolviam a bola ao adversário e por aí adiante. O fair-play (jogo justo, ou jogo limpo em tradução livre) é uma componente que todos acham ser essencial no desporto, mas que raramente marca a sua presença: esta é a verdade, todos o sabemos. E é pena, pois neste conceito tão renegado como é o de fair-play encontramos valores tão importantes como a disciplina, auto-controlo e respeito pelo adversário.

Como devem imaginar, todo este conceito tem uma passagem directa para o poker. Na sua enorme - e mais conhecida - vertente de torneios, considero o poker como sendo um desporto: e como tal, a vertente do fair-play deverá sempre estar presente. Mas como dito acima, esse é um sonho que dificilmente se acabará por realizar. Isto porque o poker é um jogo dificil mas atraente, que custa bastante a perder quando achamos que dominamos o jogo.

Para fintar as ilegalidades, vamos fingir que somos americanos a partir desta altura do artigo, pode ser? Quem não tem nos seus jogos caseiros, um amigo que desata a barafustar com tudo quando não tem sorte (ou simplesmente joga mal)? Um amigo que atira com as fichas quando perde, que acusa os outros de não saberem jogar tão bem como ele, que ao ser rivered paga a aposta final apenas para confirmar que está batido e depois se põe a explicar em agonia com os termos técnicos que conhece como foram boas as suas jogadas mencionando antes de cada ponto final a sorte inexplicável que o vilain teve no river? Quem não tem um/uns amigos desses?

Passemos para os casinos - aqui já podemos ser portugueses novamente - onde a situação é igual ou pior. Vejamos uma carta de uma dealer profissional brasileira de Texas Hold'em à revista FLOP:
"Ser dealer não é fácil. Nós somos os culpados, azarentos e tudo e mais alguma coisa. Somos amados e odiados simultaneamente. Às vezes, somos lentos ou apressados. Não temos o direito de ficar cansados nem de cometer qualquer erro. Todos podem perder a calma, e mesmo com todo o cansaço psicológico, somos os únicos que não podem pôr cá fora todo o stress mental. Ser uma dealer mulher é mais complicado, ainda. Mulher bonita, que trabalha à noite com jogo é lamentavelmente mal vista. E, numa fracção de segundos, os meus quatro anos na faculdade de jornalismo e mais alguns meses a estudar na Europa são rapidamente... 'foldados'."

É certo que esta carta representa, acima de tudo, o desabafo de uma dealer feminina no mundo do jogo brasileiro. No entanto, contém em segundo plano todas as acções dispensáveis e incorrectas que os jogadores têm na mesa.

As pessoas entram em stress cedo demais, e como grande parte dos jogadores que têm este tipo de atitude são inexperientes, julgam ter nuts quando não o têm. O poker é um jogo de percentagens, não de sorte. Costuma-se dizer que "a sorte é provocadora, atira-se a todos mas não é fiel a ninguém". No jogo que eu pratico, divulgo e defendo; a "sorte" representa a minha experiência e conhecimentos - e nunca gira à volta de amuletos e superstições.

De que serve estar numa mesa de poker, e estragar todo o clima de boa disposição que existe barafustando com toda a gente, culpando toda a gente... quando na verdade se calhar os culpados somos nós? Por tudo isto, considero este tipo de atitudes intoleráveis, para além de que tornam a pessoa mal vista.
É certo que existem coolers, e situações em que estamos muito à frente e acabamos por perder a mão: mas ninguém disse que o poker era um jogo fácil ou, como o ei de pôr, previsível. É importante entender que se trata de um jogo a longo prazo, e que por isso, o que realmente interessa não é a bad beat que sofremos: mas sim ter a capacidade de analisar e saber se a jogada foi boa ou não - independentemente das cartas que cruelmente foram colocadas na mesa. E após isto, colocar uma última questão: será que vale apena insultar outra pessoa, culpar a sorte e ficar mal visto por causa de uma mão de um jogo imprevisível?

por André Leitão


Este artigo está em discussão nos seguintes fóruns:
PokerNews
PokerPT
Donkr

2.8.10

O meu primeiro Royal Flush


Sim, eu sei que são 3 e 31 da manhã, mas é o meu primeiro de sempre e tinha que vir cá postar isto.

Cumprimentos,
André Leitão

1.8.10

Esperança Matemática

Imaginemos a seguinte situação: o jogo da cara ou coroa; quando vencer ganho uma ficha, quando perder perco outra ficha. Dado que em cada jogada tenho 50% de probabilidades de vitória, a longo prazo o meu resultado económico tenderá para o empate. Simples e intuitivo! Diz-se então que o jogo é equitativo, ou seja, o seu rendimento (esperança matemática) é igual a 1.

Em termos matemáticos, o rendimento (R) de uma aposta é definido como o produto entre a probabilidade (P) do evento em que se apostou e o número (n) das apostas em que se ganhariam se aquele evento se verificasse (ou seja, se se ganhasse): R = n x P

Um jogo cujas apostas tenham sempre um rendimento maior do que 1 diz-se "vantajoso" porque a sua prática permite receber, a longo prazo, uma importância total superior ao montante do dinheiro dispendido. Quando o rendimento é igual a 1, estamos perante um jogo "equitativo" - é paga exactamente a mesma quota calculada e, a longo prazo, as quantias ganhas equilibrar-se-ão com as perdidas. Um jogo cujas apostas têm sempre um rendimento menor do que 1 diz-se, enfim, "desvantajoso" porque a sua prática vai permitir receber, a longo prazo, uma quantia total inferior ao montante do dinheiro dispendido.

Passemos à frente.

Joguemos outra vez cara ou coroa, mas desta vez a moeda não é de todo equilibrada: o meu lado é mais leve e sai apenas 1 vez em cada 4; decerto, não me convém jogar, porque para mim se trata de um jogo claramente desvantajoso (mas vantajoso para o meu adversário). Porém, desvantajoso até que ponto? A cada 4 lances recebo 2 fichas e pago 4, com um saldo negativo de 2 fichas, igual a uma média de meia ficha perdida por lance. Em termos de rendimento: R = 0,25 x 2 = 0,5. Um verdadeiro desastre!

Suponhamos que um espectador benevolente decida oferecer em cada jogada uma ficha ao vencedor; então, quando vencer recebo 3 fichas e quando perder continuo a perder 2 e o resultado económico melhora, mas mantém-se negativo: perco ainda 3/4 das fichas por jogada, com R = 0,25 x 3 = 0,75.

Se agora o espectador decidir oferecer ao vencedor 2 fichas por jogada, a situação regressa ao empate: por cada 4 jogadas recebo e pago 4 moedas.  O jogo volta a ser equitativo e a minha decisão de jogar ou não torna-se matematicamente indiferente (R = 0,25 x 4 = 1).

O espectador está a divertir-se imenso e decide aumentar os seus donativos: a cada jogada oferece 4 fichas ao vencedor. Neste ponto, o jogo torna-se vantajoso também para mim: 1 jogada em cada 4 recebo 6 fichas  enquanto continuo a pagar as minhas 4. O saldo é, portanto, positivo em 2 fichas por cada 4 lances, igual a 3/2 fichas por lance (R = 0,25 x 6 = 1,5).

Em substância, o jogo em si coloca-me em desvantagem, mas um factor externo (o espectador) pode drasticamente mudar o meu rendimento. Não se trata de um discurso ocioso, o da esperança matemática é um dos conceitos fundamentais do poker e cara ou coroa é apenas uma simplificação,  para tornar evidente o que estamos a tratar. A minha moeda desiquilibrada será a minha mão com as suas probabilidades de vitória e o espectador benevolente será o pot, as fichas jogadas até aquele momento.

por Dario De Toffoli