5.7.09

O Perigo dos Maus Jogadores

O caro leitor terá de ser capaz de categorizar os seus adversários, as respectivas habilidades para jogar poker... e terá de jogar de forma muito diferente dependendo dessa categorização. Isto é bastante importante no No Limit Hold'em.

Por isso, quanto a este problema existem duas regras fundamentais:
(1) Contra maus jogadores... você simplesmente faz a jogada óbvia. Isto é, não tenta fazer truques quando está metido num pot com um mau jogador. Não poderá fazer jogadas subtis que estão para lá da capacidade de ele entender ou apreciar. Terá de jogar fundamentalmente melhor (em vez de estratégicamente melhor) do que um mau jogador. Numa palavra, ganha-lhe mostrando melhor jogo.

(2) Contra um jogador de alto-nível... (alguém que consiga seguir a mesma linha de raciocínio que você)... você terá de baralhar o seu jogo. Ás vezes faz uma jogada óbvia (como iria fazer contra um mau jogador) e outras vezes faz uma jogada não tão óbvia. A maior parte das vezes terá de jogar estratégicamente contra um jogador forte.

Contra um mau jogador, é esconder-se no escudo. E parece simples e lógico que chegue. Até existe bons jogadores que sabem que isso é o melhor a fazer; mas saber algo e executá-lo - são coisas totalmente distintas. Eu vi jogadores de poker de topo fazerem erros no campeonato do mundo que apenas um idiota faria.
Houve particularmente um jogador que entrou no torneio pela primeira vez... e, quase que imediatamente, era fácil ver que ele era um jogador muito fraco. Ele era o exemplo supremo de um calling station - um jogador a quem é impossível fazer um bluff.

Apesar de eu nunca ter jogado com ele, não demorei muito tempo para reconhecer o tipo de jogador que ele era. Joguei com milhares iguais a ele durante a minha carreira. Por isso, eu sabia o que fazer quando estivesse envolvido num pot com ele. Mais precisamente... eu sabia o que não fazer. Eu não iria tentar fazer-lhe bluffs. Nem uma única vez. Decidi rapidamente que se estivesse no pot com ele, iria mostrar-lhe uma mão. E, se ele tivesse a sorte de me ganhar... bem, iria ganhar-me uma mão. A minha mente estava preparada para isso.
Mas haviam outros grandes jogadores no torneio que tentaram atropelá-lo - tentando afastá-lo do pot. Eles faziam-lhe bluffs com muita frequência... e raramente saíram bem sucedidos. Se ele tinha a mínima coisa... ia atrás do pot. Como eu disse, ele era o perfeito calling station. E ele ganhou tantas mãos com isto, que acabou o dia num ranking mais elevado do que o que deveria. Ele tinha 1 em 1000 hipóteses de acabar no ranking em que acabou. A razão porque isto aconteceu foi porque muitos jogadores - e alguns bastante experientes - lhe entregaram o seu dinheiro de bandeja. Eles literalmente lho ofereceram.

O que eles não deviam ter feito, foi tentar fazer bluffs. É preciso ser muito idiota para fazer um bluff a uma pessoa que sabemos que vai acompanhar.

Simplesmente não se pode fazer bluff a um mau jogador, porque o estilo de jogo dele é jogar quando tem mão e desistir quando não tem. Quero dizer... é preto no branco. Não é preciso ser um psicólogo para descobrir o que ele está a fazer. Tudo o que se tem de saber é que se ele está metido no pot... é porque tem alguma coisa. E você não vai conseguir afastá-lo do pot com bluffs.

Acima de tudo... o caro leitor não quererá fazer gamble com um jogador fraco. Esqueça isso... mostre-lhe a mão. Contra um mau jogador faz-se coisas muito fundamentais. Coisas óbvias. Isto é... nada de truques... nada de jogadas estratégicas... nada chique. Jogue poker direitinho contra um mau jogador.
Outra coisa que deverá saber acerca dos maus jogadores é que são de diversas variedades. Não são só como aquele que aqui descrevi. Alguns fazem completamente o oposto. Há uns que fazem check com as mãos boas e apostam nas suas más mãos. Gostam de fazer bluff... e fazem-no quase constantemente. Por isso, com um jogador como esses, você faz sempre check... deixando que ele bluff o dinheiro em direcção a si.

Por Doyle Brunson, em Super System: A Course in Power Poker

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