19.8.09

A Patologia do Vício do Jogo

A pedido de um amigo meu, este post é dedicado a um problema que assombra muitos jogadores pelo mundo fora: a falta de capacidade de saber parar quando se está a perder. E isto estende-se desde as micro stakes até às high stakes. É uma regra que qualquer jogador de poker deve interiorizar. Isto devido principalmente a dois factores: 1. Obviamente não estamos a jogar o nosso A Game; 2. Estamos a ter azar em algumas jogadas, e facilmente entraremos em Tilt. E o tilt, como já foi discutido em muitos posts anteriores, é algo difícil de controlar.

Para combater estas medidas, a maioria dos sites de poker possuem sistemas de "prevenção contra o vício no jogo". Estas medidas consistem num auto-programa em que o jogador pode escolher ficar meses ou anos sem jogar a dinheiro real, e caso o faça a sala irá proibir a sua entrada em jogos a dinheiro durante o tempo definido. Isto não acontece apenas on-line: no casino da Madeira em Maio de 2005 estavam 70 pessoas proibidas de entrar no casino segundo a sua vontade. "São jogadores que pediram à Inspecção-Geral de jogos para não lhes ser permitida a entrada no jogo, já que sozinhas não conseguem parar. Normalmente as razões que estão por detrás disto são problemas financeiros ou familiares dos jogadores. O pedido que é feito à inspecção é de dois anos. No pedido tem de constar um motivo para esta medida, e uma fotografia para que o jogador seja identificado caso queira entrar em algum jogo. No caso de haver quem se arrependa e queira entrar no casino, o porteiro impede-lhe a entrada. Findo o prazo de dois anos, há uns que voltam e outros que não: afirma Pepe Branco, responsável na altura pelo casino da Madeira. Mas estes são casos extremos de pessoas que perderam ou estão à beira de perder muito do que lutaram para conquistar ao longo da vida."

Apesar de existirem casos, obviamente que este texto não se refere ao poker, mas sim a jogos como a roleta, o blackjack ou as slot machines. Acontece que as pessoas quando ouvem "vicio no jogo" pensam logo em poker. É um preconceito que ainda está muito vivo na nossa sociedade, mas que não é verdadeiro; como iremos ver a seguir.

"Um estudo realizado pela Harvard Medical School Divisions on Addictions que começou em 2005 e observou 4.455 pessoas, informou que a grande disponibilidade de jogos de apostas na internt não aumentou o número de pessoas viciadas em apostas. Na verdade, baseado em padrões de perdas e ganhos, o estudo mostrou que os jogadores que frequentam sites de jogos de apostas são mais capazes de se controlar.

O estudo foi realizado com jogadores de poker do site austríaco Bwin. Os resultados dos jogadores foram analizados durante dois anos e foi registado também o número de fichas comprado e vendido por secção. 'A primeira coisa que aprendemos e que não esperávamos foi que a grande, gigantesca maioria de pessoas que praticam este tipo de jogos apostam de maneira moderada', disse o professor de psicologia do HMS, Howard Shaffer. Para Andrew Woods, director executivo da Harvard Law School's Global Poker Strategy Thinking Society, o resultado da pesquisa não surpreendeu. Ele afirma que o poker não é um jogo de apostas de azar e sim de avaliação de riscos. De acordo com Woods, jogos de casino como o blackjack são desvantajosos para os jogadores, pois favorecem a banca (casino)."

Posto isto, concluo que o vício no jogo (seja ele poker, ou qualquer outro tipo de casino game) é uma doença como qualquer outra. Há quem a tenha, e quem não a tenha. Por isso não vamos condenar os jogos e os jogadores só porque outros não conseguem conter o valor das suas apostas. O poker é um desporto saudável, que exercita a mente e apela à inteligência e estratégia. Só isto devia valer por tudo.

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