14.6.08

Prova Científica: O Poker é um jogo de perícia e não de sorte

Sendo o Poker um jogo que tem gerado bastante interesse entre os investigadores da área de economia e de inteligência artificial, a controvérsia em torno da questão de os resultados obtidos neste jogo, serem, ou não, fruto da sorte, tem gerado também um intenso debate, com opiniões divergentes que, por vezes, chegam mesmo á barra dos tribunais. (...) Assim, 46 alunos de um curso introdutório de psicologia de uma Universidade privada de Midwest foram submetidos a sessões de Poker de duas horas cada, contendo cada uma 6 jogos de 40 mãos (720 mãos no total). A primeira sessão deu-se logo após os alunos receberem as regras derais do Poker. De seguida (T1), o grupo de tratamento recebeu o documento com o valor qualitativo das mãos iniciais, enquanto que o outro grupo recebeu informação sobre a história do Poker.
No final do 4º jogo, o grupo de tratamento recebeu ainda um documento de estratégia a explicar o valor da posição. Em todos os intervalos seguintes, o grupo de controlo recebeu apenas documentos com informação sobre a história do Poker.

A 2ª e 3ª sessões de 6 jogos começaram com a revisão do material distribuído. No fim do 2º jogo de cada uma destas sessões, o grupo de tratamento recebeu informação de estratégia adicional: conceitos de outs - que incluía uma tabela com as percentagens de probabilidades de receber a carta necessária para melhorar o seu jogo - estratégia de jogo pré-flop, como jogar no flop, no turn e no river foram as estratégias apresentadas a este grupo com o desenrolar do estudo.
Terminado o estudo, os resultados comprovam que os estudantes que receberam informação sobre a estratégia tiveram um desempenho superior aos que receberam documentação relacionada com a história do Poker.
Além disso, a quantidade de jogos adicionados a cada sessão, forneceu informação extra para a análise. Na 1ª sessão de jogos, o grupo de tratamento evidenciou melhorias significativas a partir de T1, enquanto que o grupo de controlo apenas apresentou melhorias a partir de T2. Isto indica que a distribuição do documento inicial sobre estratégia teve efeito mais imediato no desempenho dos estudantes, enquanto o grupo de controlo precisou de jogar um maior número de mãos antes de se notarem melhorias na sua qualidade de jogo.





















A figura mostra detalhes do desempenho dos estudantes entre cada um dos intervalos em que foram distribuidos documentos sobre estratégia ao grupo de tratamento. Tal como ilustra o gráfico, não foram observadas melhorias significativas entre o grupo de tratamento após a 1ª sessão, apesar de terem continuado a receber instrução. Assim, conclui-se que o documento inicial, sobre o valor das mãos iniciais, foi o que mais impacto teve na prestação dos alunos, o que reforça a tese de que o principal erro dos jogadores é jogar demasiadas mãos.

(...) Lançadas as cartas, se o objectivo deste estudo era determinar se o Poker é um jogo de sorte ou de perícia, a resposta é inequivoca: é um jogo de perícia. No estudo realizado, os estudantes que receberam instruções de estratégia tiveram melhores resultados do que os do grupo de controlo. Ora, se o Poker fosse um jogo de sorte nada disto aconteceria. Além disso, nas conclusões os investigadores apontam o grande motivo pelo qual o Poker é confundido com um jogo de sorte: a fiabilidade de uma sessão curta, é muito reduzida. Ou seja, o Poker é um jogo de longo-prazo e não de curto-prazo. Não se vê o melhor jogador na mesa ao fim da primeira mão, vê-se ao fim de 2-3 horas de jogo.

Aqui aplico a frase de um anúncio televisivo: "Como em tudo, é claro que entra a sorte. Mas a sorte não explica porque vemos tantas caras conhecidas nas finais do campeonato do mundo de Poker."

(Informação retirada do livro "Poker: Tudo o que precisa de saber sobre o mais popular jogo de cartas do mundo")

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