26.2.10

O Poker no Comité Olímpico

A PokerPT avança com a notícia de que a Associação Internacional de Jogos Mentais anunciou que tenciona aceitar como membro a Federação Internacional de Poker em meados de Abril. O que significará que o comité Olímpico aceitará o poker na sua lista de jogos de estratégia.
Ora, eu acho isto extremamente avassalador - principalmente tendo em conta a horrível reportagem que passou na SIC, que manchou o nome do Poker em Portugal e ofendeu todos os jogadores de poker.

Quando começei a jogar, não sabia que era necessária perícia ou experiência. Simplesmente ia ver o que as cartas me reservavam - mas a partir de certa altura pensei: "Bolas, existem profissionais disto. Não pode ser um jogo de sorte." Então liguei a net e procurei foruns ou sites que me ajudassem nesta questão. Foi aí que entrei no mundo dos artigos de estratégia, perdido entre conceitos que até então me eram totalmente desconhecidos, como o EV+/-, Position, Pot Odds, Implied Odds, Jogadas do cut-off, Large Stacks, etc... A lista é interminável. E o facto é que depois de ler isto, sentia-me melhor jogador. Os resultados estavam a ser cada vez melhores. Por isso saí, e comprei um par de livros: entre eles o único livro escrito por portugueses, em que vez um estudo interessantíssimo que prova por A+B como o poker é um jogo de perícia e não de sorte. Avançei então para literatura estrangeira: li Brunson, Phil Gordon, Barry Greenstein, Ted Forrest e até Phil Hellmuth (já não gostei tanto).
Hoje, e este blog é prova disso, sou jogador de micro e low stakes sem vergonha nenhuma de o admitir. No entanto, sou um jogador ganhador já com uns cash outs valentes. Tenho o orgulho de dizer que, para já, ainda não perdi dinheiro nenhum a jogar poker: antes pelo contrário.
Ora para chegar a este nível após milhares de jogos, é preciso saber. É preciso estudar. E é mais do que óbvio de que quem joga simplesmente por sorte, a longo prazo a única coisa que vai conseguir fazer é perder dinheiro. Isto porque o poker não se limita a um jogo, mas a milhares. As pessoas ainda não conseguem compreender isso. Não é num jogo de poker que se vê quem joga bem ou mal. Um jogador pode dominar por completo os adversários num jogo, quase sem perder uma única mão. O público vê, e aplaude o que aos seus olhos parece um jogador excelente de poker. O que é falso, porque se calhar ao fim de 300 jogos esse jogador apresenta resultados negativos. Isto gira tudo à volta da EV (Expected Value), e um grande jogador de poker tenta sempre maximizar ao máximo as suas mãos - isto é, fazer a jogada que até poderá resultar numa grande perda, mas que ao longo prazo trará lucro. Eu sei que é complicado de perceber, mas acreditem que não é assim tão dificil quanto isso. Ora para fazer este tipo de jogadas, é preciso coragem (porque é o nosso dinheiro que está em jogo), é preciso ter um bom cariz matemático, é preciso saber avaliar os spots, é preciso ter uma noção forte e rápida de pot e implied odds, etc. Ora isto, caros amigos, não é sorte! É sabedoria! E ao longo prazo, estes jogadores ganham e os outros perdem.

Posto isto, como vejo o poker na lista de jogos de estratégia do comité olímpico? Com um sorriso enorme, assim de orelha a orelha. Pode ser que se isto se concretizar, Portugal saia do preconceito que o consome em relação a este desporto.

por André Leitão

13.2.10

Apostar Fora de Posição


Todos os livros de poker falham-lhe acerca da vantagem e consequente importância de jogar mãos em posição. O conceito base de jogar em posição dita que o jogador que age por último possui mais informação acerca dos seus adversários, e que por isso tem maior consciência de como está na mão - o que o ajuda a tomar melhores decisões. Não existem dúvidas acerca da veracidade desta afirmação, mas é importante compreender que o poder que vem da posição é normalmente concedido ao jogador que se encontra no botão pelo jogador que se encontra UTG.

Para se compreender melhor este conceito, imaginem um jogo normalíssimo de No Limit Hold'em. Digamos que estou na BB com 78 de espadas - uma boa mão para ver um flop. O jogador no botão raisa standart 3BB's e eu decido dar call. Muitos jogadores iriam fazer check no flop em quase todas as circunstâncias. Mas, ao dar check, acabou de dar controlo ao jogador no botão. Ele poderá agora apostar caso tenha ou não uma mão digna, colocando-o numa posição complicada caso tenha falhado o flop.

Numa mão como esta, acredito que o melhor a fazer é olhar para o flop e questionar, "É provável que estas cartas tenham ajudado o meu adversário?" Quando tiver resposta a essa pergunta, poderei decidir como proceder.

Se o flop é Ac-Ko-9p, eu provavelmente apenas daria check e faria fold a qualquer aposta, porque é provável que o meu adversário tenha raisado com cartas altas e tenha apanhado um pedaço do flop. No entanto, se o flop é 9p-5c-2o, a história provavelmente mudaria de figura. Eu sei que no Hold'em, duas cartas distintas falharão um par no flop em cerca de 66% das vezes, e este e um flop que provavelmente o meu adversário falhou.

Se eu suspeitar que o meu adversário não apanhou nada, tomarei a iniciativa e apostarei cerca de 1/2 do pot. Apostar aqui com um projecto de sequência traz inúmeras vantagens. Primeira, poderei ganhar o pot logo ali, e fico sempre contente de ver um semi-bluff a forçar um fold do vilain. Mas mesmo que eu receba call do meu adversário, eu forcei-o a reagir. Isso dá-me uma hipótese de apanhar uma leitura. Se o meu adversário parece estar confuso, talvez continuarei com o meu semi-bluff no turn para tentar roubar o pot. Ou, se eu sentir que o meu adversário está forte, poderei dar check e foldar a mão a qualquer aposta no turn - caso eu tenha falhado o meu projecto.

Atacar os pots fora de posição pode tornar-se algo muito lucrativo. Nos torneios, eu costumo abrir o pot fora de posição com alguma frequência. Isto apenas porque penso que se mostra muita força a ser o primeiro a atacar o pot no flop. Eu ganho muitos pots pequenos dessa maneira.

Enquanto o caro leitor estuda e trabalha o seu jogo, lembre-se que nem sempre se deve dar ainda mais força ao jogador em posição. Procure oportunidades de aposta, e tome a iniciativa.

por Gus Hansen

Multi-Tabling de Sit n' Go

Boas pessoal do meu bairro!*

Bom, ultimamente e já com a conta em $50 decidi aumentar a frequência de torneios. Estou agora a jogar 2 SnG de $2,25 ao mesmo tempo fazendo multitabling, e devo estar com uma média de 10 torneios por dia. Eu estava à espera que a minha subida de banca começasse a ser mais rápida, no entanto não foi isso que se verificou. Entre derrotas e vitórias, o avanço vai permancendo o mesmo de sempre. A única coisa positiva até agora são os FTPP que se vão ganhando de rake.
O avanço na banca até agora foi de cerca de $10, nada de muito especial. Como estou de férias, o tempo para jogar é maior e penso que amanhã irei ter melhores resultados. Hoje perdi 3 torneios, 2 contra AA e um contra poker de 8. Anyway, good game. Entre raises e re-raises, consegui cashar duas vezes em 2º lugar o que me deu $10,50 de lucro para recuperar essas mãos azaradas.

Não posso deixar de contar aqui uma situação bastante caricata, e que poucos irão acreditar nisto. Heads up de Sit n Go de $2,25, eu com cerca de 8 mil fichas e o vilain com cerca de 4 mil. Eu apanho AA na SB, e como o vilain estava bastante agressivo faço apenas complete esperando um raise da parte dele: coisa que acontece. Neste momento, sem papos na língua, dou re-raise all-in e ele instant call. Mostra Q6, e eu de longe tinha as maiores probabilidades de vencer o torneio. No flop sai 4-A-T de ouros. Turn: ouro. River: ouro. E fomos dividir o pot, para seu contentamento. Anteriormente, ele tinha ido all-in com AQ e eu call com AK, no flop batem dois pares e fomos dividir com o A a fazer de quinta carta. Bem, o vilain estava no mínimo, indestrutível. Lá tive de me contentar com os $5,50 do 2º lugar...

*(Comecei assim o post em homenagem à Maridu que começa todos os seus posts assim.)

Cumprimentos,
André Leitão

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10.2.10

Jogar uma Stack Média numa Posição Inicial

Por razões óbvias, preferimos sempre ter uma stack média a uma pequena. Mas existe uma vantagem em ser short-stack: as nossas decisões tornam-se fáceis. Com uma stack média, praticamente todas as decisões que se tomam são complicadas e esquisitas.
Por stack média entende-se 30-40 BB's, e aprender a jogá-la é absolutamente essencial para o seu sucesso em torneios. Em boa parte dos torneios - quando metade do field já estiver eliminado - terá uma stack média que o poderá, ou não, levar até à mesa final.
Isto significa que possivelmente irá passar metade do seu torneio numa posição complicada, porque cada pot que se joga é importantíssimo e as decisões carregam um risco enorme. Isto porque o caro leitor tem demasiadas fichas para fazer shoves - como faria se estivesse shortstack, e tem poucas fichas para abrir o pot com raises - só ao fazer standart raise está a colocar cerca de 10% da sua stack em risco. Por isso, não pode jogar muito loose.

Posto isto, vamos ver a perspectiva geral das coisas: se jogar muito tight, rapidamente será um shortstack devido ao aumento exponencial das blinds e antes. Isto pode tornar-se ainda mais complicado se estiver numa mesa com muitos jogadores agressivos; a tentação será jogar muito tight para não desperdiçar muitas fichas em situações raise-fold. Mantenha sempre em mente a ideia de que haverão alturas em que terá de tomar riscos, porque as blinds e antes que se podem ganhar com um raise de abertura irão ajudar a manter as coisas a flutuar.

Mas como se joga uma stack destas em posições iniciais? Bem, o meu concelho é que 95% das mãos que jogue sejam mãos com que esteja disposto a arriscar toda a sua stack: se tem TT para cima, ou até mesmo AK deverá ir all-in. Embora possa expandir este range para mãos como 88, 99, AQ, AJ ou KQ, estas são mãos que deverá foldar se levar 3bet de um jogador sólido.

Digamos que as blinds estão a 250/500, eu tenho 15.000 fichas na minha stack e recebo JJ. Se fizer um raise standart para 1.500 e um jogador numa posição final faz 3bet para 4.500, eu terei de ir em frente e shovar todas as minhas fichas na esperança que tenha a melhor mão. Não me posso dar ao luxo de foldar mãos como essas com uma stack desse tamanho.

Se a situação fôr idêntica, mas eu levo um call e o flop não me assusta (algo como 9-7-4 arco-íris) eu irei apostar no flop e continuar a apostar até estar all-in independentemente do que o meu adversário tenha. Sem uma carta assustadora na mesa, não se pode fugir de mãos como estas - tendo em conta a stack que tenho. Cuidado para não oferecer cartas de borla em situações em que qualquer A ou K poderão ser a morte do artista.
A única excepção a estas regras são quando estou contra um jogador bastante agressivo. Digamos que tenho JJ e que fiz um raise standart pré-flop, um adversário numa posição final dá call, e o flop traz Q-7-4 arco-íris. As odds ditam que o meu JJ continua a ser a melhor mão, por isso terei de arriscar e jogar de acordo com esse raciocinio. Mas visto que o meu adversário é agressivo, eu irei fazer check para induzir uma aposta, e caso ele o faça dou instant re-raise all-in. Dou-lhe uma hipótese de bluffar o pot, e depois protejo a minha mão com uma grande aposta. Isso normalmente irá resultar melhor do que disparar uma continuation bet, que poderá fazê-lo foldar qualquer mão pior do que a minha. Também é razoável fazer este tipo de jogada com AA ou, em jeito de bluff, com AK.

Jogar uma stack média em posições finais é uma história completamente diferente. Normalmente terá de lidar com raises de jogadores em posições iniciais, e senão o fizer, o seu range de mãos para raises iniciais poderá expandir-se consideravelmente.

Mas em posições iniciais, uma abordagem tight-agressiva é definitivamente a sua melhor aposta. Tenha cuidado com as mãos que joga, mas assim que decidir jogar uma mão esteja preparado para arriscar toda a sua stack.

por Allen Cunningham

9.2.10

A "Pequena" Reportagem da SIC que ofendeu os jogadores de Poker

Faço parte daquele grupo de pessoas ingénuas que esperavam que esta reportagem fosse efectivamente acerca de poker... O título estava lá, o tema estava lá, e o "jornalista" (se é que se lhe pode atribuir esse termo) até viajou com a sua equipa ao PCA num dos resorts mais caros do mundo. Até aqui tudo bem, nada de espantoso. É aí que o jornalista começa a entrevistar os jogadores que até ali se tinham deslocado para jogar. Vemos então um senhor espanhol muito simpático que veio com um grupo de amigos jogar, e após mostrar o dinheiro que tinha planeado gastar na inscrição do main event e nos torneios laterais, o jornalista André Antunes pergunta: "O que vai fazer com esse dinheiro? Perdê-lo?" Foi mais ou menos nesta parte que me começei a aperceber da parvoíce em que aquela reportagem se iria tornar. Voltando ao tema do grupo de pessoas ingénuas: sim, fui daqueles que mandaram sms para o pessoal ver a reportagem, twittei e deixei aviso na wall do facebook. Por sorte ao contrário de mim, parece que houve muita boa gente que antes da reportagem ir para o ar já estava a antever o que iria sair dali.

A reportagem não se devia chamar "A Febre do Poker", mas sim "A Febre do Jogo". Este seria o termo correcto, porque vamos lá ver: poker é uma coisa. Video Poker, Blackjack e roleta são outras coisas completamente diferentes. A reportagem misturou todos estes conceitos distintos, e o fraco esforço e trabalho de André Antunes apenas serviu para mostrar o que é a mentalidade da nossa população em geral: o poker é considerado um jogo de azar, onde se perde muito dinheiro e bens. Esta linha de pensamento coloca-o portanto na mesma categoria que todos os outros jogos de casino. Conseguiram mostrar ignorância pura e crua, e uma tremenda falta de conhecimento acerca do que estavam de facto a fazer.
É-nos então apresentado o Rodrigo, um jovem de 20 anos que se assume viciado em poker. Bem, uma pessoa que não vai a escola, não tem amigos, namorada, não liga a família nem come para poder jogar não é um viciado: é uma pessoa muito, mas muito doente. Um viciado, categoria em que me coloco, é uma pessoa que adora jogar uma quantidade de horas fora do normal. Mas vá-se lá saber porquê, saio de casa, tenho namorada, estou sempre a viajar e disfruto cada minuto que a vida me proporciona. O poker é para mim, um vicio saudável portanto. E se tudo correr bem nunca pararei de o jogar.

A reportagem entra depois por caminhos absolutamente disparatados e ridículos, e até chegam mesmo ao cúmulo de mostrar uma máquina de tabaco que seria um simples engodo - escondendo por dentro uma slot de Draw Poker. A palhaçada continuou, passando por declarações soberbas do director da inspecção de jogos que afirma que o poker on-line é ilegal - apesar de não existir legislação que o defenda.

Depois entram os jogadores portugueses, que facilmente foram manipulados pelos jornalistas da SIC de maneira a passar uma ideia errónea do que realmente é o poker. Os jogadores que disseram as coisas acertadas, e provavelmente até falaram acerca de o poker não ser um jogo de azar mas sim de habilidade não apareceram na entrevista: isto porque o único objectivo desta entrevista era difamar o poker nacional e aumentar ainda mais o preconceito que já havia acerca deste desporto que tanto amamos. Não acham curioso que o João Barbosa, o único jogador português profissional da FullTiltPoker, não tenha falado para as câmeras? Pois eu conto-vos a verdade caros amigos, das duas uma: ou ele percebeu o que eles estavam ali realmente a fazer, e virou-lhes as costas; ou então deu entrevista e foi cortado. Isto porque não é preciso conhecer o João para saber que ele é um génio da matemática aplicada ao poker. Uma entrevista com ele iria sem dúvida, deliciar todos os telespectadores e mostrar que o factor sorte no poker é mínimo. Mas mais uma vez: não era isso que o "jornalista" da SIC pretendia. Não, ele pretendia audiências. E em vez de colocar o João a falar de probabilidades e de tácticas de jogo existentes, provando desta maneira aos telespectadores o real peso do estudo e experiência no poker, foram mostrar os rapazinhos no quarto a jogar poker on-line até às 5 da manhã. É triste. Queriam share - e de facto conseguiram, só contando com os milhares de jogadores de poker portugueses que ficaram à espera para ver a "Grande" mas pequena Entrevista. E agora caros amigos, vou tomar a liberdade de falar por todos os verdadeiros jogadores de poker em Portugal: eles tanto conseguiram um enorme share à nossa custa como também nos insultaram à força toda. Fomos apelidados de viciados, criminosos, pessoas sem vida social... doentes que precisam ao máximo de ajuda. O programa foi um autêntico ataque a toda a nossa comunidade. As únicas palavras que se salvaram no meio daquilo tudo foram as do Jomané, ao afirmar que "O poker pode ser um vício, assim como tudo. Desde que haja controlo e moderação, está tudo bem." Sinceramente, e não me perguntem porquê, não sei como não cortaram esta parte da reportagem. Há pois é, tinham de falar com o ex-director da PokerPT... não estavam à espera que o Pai do poker português não defendesse o poker, ou estavam?
Depois, e como prova de que eu não critico apenas para o mesmo lado, apareceram uns jovens a jogar nas suas casas, nas faculdades... enfim, é a cara deles que aparece na televisão. Esperemos que não haja consequências para esses actos. Eu sei que é giro aparecer na televisão, mas as vossas imagens passaram a seguir ao director da inspecção de jogos dizer que quem fosse apanhado a jogar poker apanhava pelo menos 6 meses de prisão.

E foi assim a grande reportagem da SIC, um ataque constante aos jogadores de poker e manipulação excretável de entrevistados. André Antunes deixa aqui talvez uma boa nota para quem não percebe nada de poker e acreditou na realidade distorcida passada pela sua reportagem. Mas para toda a gente que percebe de poker, e somos muitos, é um jornalista de fraca qualidade - que nem tempo tem para estudar e perceber os temas das suas reportagens - que conseguiu arruinar toda a boa imagem que tinhamos construído do poker em Portugal. Isto tudo feito para um canal que é o único que transmite torneios de poker, e que possui imensos programas que oferecem automóveis e 5 mil euros recorrendo a chamadas de custo acrescentado. Lamentável.

Nota: Deixo em baixo a terrível Reportagem para quem ainda não teve a infeliz oportunidade de a ver.


por André Leitão

8.2.10

De Regresso ao Poker


Como já tinha dito anteriormente, decidi cashar os $100 (€70) para começar a ver algum a "entrar" e não só a "sair". O dinheiro, esse, foi todo gasto noutro vício meu: o colecionismo de comics (para quem não está familiarizado com o termo, são bandas desenhadas americanas). Contente ficou o Hugo da Central Comics quando me viu a entrar e a empilhar comics acima de comics.
Posto isto, tenho algo a desabafar. A PokerStars é uma sala que eu pensava que estaria na elite das melhores salas de poker on-line, mas depois de investir lá dinheiro é penoso. Também apenas o fiz para poder jogar os torneios portugueses da PokerPT, mas já nem isso me apetece fazer. O mais irónico é que até estava a ter lucro na sala, investi 20 euros e fiz 40 a jogar SnG de $3,40 e a Liga PokerPT. No PokerShark podem confirmar isso, e basta ver o ranking que me dão nos SnG's: K com 3 estrelas. Mas no entanto cashei na mesma, e não pretendo voltar. Vou por isso, em pontos muito resumidos colocar-vos as razões principais pelas quais odeio a PokerStars:

- O ambiente é entediante
- As cartas demoram muito a ser distribuidas. A diferença até pode ser de um segundo e poucos, mas se é jogador de poker joga milhares de mãos. Esses segundos nesse contexto fazem diferença...
- Os cashs demoram que farta; isto porque antes de o cash ser admitido a equipa faz uma investigação acerca do jogador. Na FullTilt cashei os $100 , em 3 dias estava disponível na conta. Na PokerStars cashei $40 e só 6 dias depois pude usufruir do dinheiro. O dobro, portanto.
- O esquema de SnG é simplesmente terrível para os micro limites. Não existem Sits de $2,25 como na FullTilt, e é nesses que eu acho que realmente se deve começar e que valem apena. Para corrigir esta lacuna, colocam Sits de $3 + $0,40 onde a fee é um verdadeiro atentado à banca em longo prazo. Vão por mim que falo por experiência própria, mais vale jogarem os de $5 + $0,50 em low limits. Não é que não tenha tido lucro nos de $3,40, mas nota-se bem o peso da fee quando se passa por fases complicadas.
E pronto, não me consigo lembrar de melhores motivos para preferir outra sala à PokerStars.

Seguindo para outros caminhos, voltei à FullTilt com $34 de banca. A ideia é jogar SnG de $2,25 e por cada  $9 ganhos jogar um de $5 + $0,50. É assim que pretendo introduzir-me nos low limits, e fazer a minha banca crescer exponencialmente. O inicio foi algo complicado, e eu não queria passar para os SnG de $5,50 com apenas $34 de banca. Mas assim que atingi os $45 já arrisquei, e os resultados foram bons. Já não jogava sits de $5,50 desde a Bwin, mas sinceramente acho que a única coisa que altera é mesmo o valor do buy-in; porque a qualidade dos jogadores é exactamente a mesma dos SnG de $2,25. Para verem o cúmulo, disputei um pot enorme com set de 7 desde o inicio, a jogada acabou com all-in/instant call meu e ele mostra par de 2... Sim, nem todos são assim. E de vez em quando aparecem bons jogadores. Mas sejamos sinceros, a média é mais ou menos esta.

O 1º Sit que joguei de $5,50 correu pessimamente. Depois de uma jogada complicada em que tive de foldar AK (ainda continuo a pensar se foi bem foldado ou não), dei all-in com QQ no botão e levei call de AK. Uma corrida importante, que me poderia por na frente do Sit. No flop bateram dois ases, e fui eliminado em 7º lugar se a memória não me falha. No segundo, foi um torneio do mais inacreditável. Estive duas vezes com cerca de 150 fichas, e no fim acabei por vencer o sit e arrecadar os $22,50 de prémio. Posso dizer que joguei bem, não cometi muitos erros, e ironicamente as jogadas que me colocaram em situação crítica foram sempre corridas em que eu partia na frente. Depois com muita confiança, consegui dobrar quando foi preciso.

Para terminar o post, que isto já vai longo, só queria comentar um vídeo da PokerPT do último torneio da Solverde Poker Season onde um senhor descreve (e com muita lata) uma mão em que tinha 6-2 no botão e raisou (oh, meu deus - agora o botão é a desculpa para tudo), levou 3bet e como ele diz: "o pot estava apetitoso" e fez 4bet (ora, isto já não é jogar mal... é pura estupidez - é o chamado suicídio). No fim, parece que acabou por ganhar com par de 2. Só tenho três comentários a fazer: 1. eu tinha vergonha de contar essa jogada em público, 2. se é este o nível de jogadores do torneio, prefiro continuar a jogar na net, 3. Jogas muito mal, pá. Muito, mas mesmo muito mal.
Peço desculpa pela agressividade, mas este tipo de coisas é mesmo muito preocupante.

Como sempre, deixo imagens do gráfico da evolução da minha "nova" banca, e claro do último SnG que joguei.

Cumprimentos,
André Leitão

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Seja agressivo, mas com sabedoria


A jogar Hold'em, especificamente No Limit, geralmente compensa tomar uma atitude agressiva. Ao ser agressivo, está a colocar o seu adversário numa situação desconfortável e a forlá-lo ou a completar uma mão ou a bluffar. Ao ser agerssivo o caro leitor toma controlo do pot, e coloca-se no lugar do condutor.

No entanto vejo constantemente muitos jogadores que ou são demasiado agressivos, ou pouco agressivos. O jogo agressivo é uma das melhores ferramentas que um jogador de poker tem, mas tem de ser sempre usada com sabedoria em todas as situações.

Por exemplo, vejo muitos jogadores novos a pisar a linha a serem agressivos demais com mãos como AQ e AJ. Colocam raises enormes com estas mãos, pensando que estão a fazer uma jogada inteligente, mas na realidade apenas estão a afugentar os patos da mesa. Existem tantos maus jogadores nos torneios de hoje em dia, que simplesmente não existe desculpa para não ser paciente - eventualmente, estes jogadores acabarão por cometer erros graves que vos aumentarão a stack. Não existe necessidade de arriscar uma grande parte da sua stack por mãos dessas.

Muitos novos jogadores são os culpados deste mau uso da agressão. Vêem os seus jogadores de poker favoritos na televisão a fazer grandes bluffs ou a dominar agressivamente a mesa, e querem imitar os seus idolos. O problema é que estes novos jogadores não fazem a minima ideia do que é ser agressivo numa mesa de poker. Não se pode simplesmente ser aleatoriamente agressivo e esperar tomar o controlo da acção; a sua agressão tem de ser calculada.

Saber quando ser agressivo é algo que se aprende com o tempo e com a experiência. Se lhe falta esse conhecimento, essa agressividade vai-lhe sair caro.

Aconcelho todos os novos jogadores a não focarem logo o seu jogo na agressividade. O caro leitor, se é novo nestas andanças, irá querer por começar a jogar um poker sólido. Primeiro foque-se no básico, e quando dominar isso, comece a pensar em colocar alguma agressividade no seu jogo.

Ser agressivo no poker é uma arte. Ver um jogador como o Phil Ivey numa mesa de poker é tão inspirador como ver o Picasso a pintar um quadro. Mas os jogadores como o Phil ganharam a sua agressividade ao longo dos tempos, usando a sua experiência nas mesas moldando que moldam a forma do seu jogo. Invista tempo nas mesas, e poderá um dia ser capaz de pintar uma obra-prima.

por David Oppenheim

6.2.10

Fingir o Tilt


Jogo poker à 23 anos, e uma coisa que posso dizer com grande orgulho é que nunca entrei em tilt. Na verdade, isso acontece com grande parte dos profissionais. No geral à medida que a experiência cresce no jogador, o factor tilt vai diminuindo.

Mas como os seus adversários podem não se aperceber que você não entra em tilt, uma das mais lucráveis jogadas no poker é "fingir o tilt". Se acabou de levar uma bad beat das feias, os outros jogadores da mesa estão à espera que você entre na próxima mão com cartas muito fracas para bluffar - isto simplesmente porque acham que o caro leitor não está a pensar claramente devido ao azar que teve. E se nesta situação você apanhar uma mão realmente forte, tem de ser capaz de analisar a maneira como os outros o estão a ver e jogar de acordo com isso.

Recentemente, eu estava a jogar No Limit Hold'em e logo no inicio do torneio apanhei KK. Fui para a guerra com eles, e adivinhe-se lá porquê, perdi o pot para alguém que tinha J8.

Logo na mão seguinte, com as cegas a 20/40 e com uma stack abaixo da média (cerca de 2700 fichas), apanhei 33 na BB. 4 jogadores fizeram limp, a SB foldou e eu dei check. No flop veio A-2-3, dando-me um set médio. Dei check, toda a gente dá check até ao botão e este sai a apostar 140 fichas num pot de 220. Levei o meu tempo, e dei call -  todos os outros deram fold. No turn saiu uma carta pouco interessante, o 10. Dei novamente check, e o botão aposta agora 300 num pot de 500 fichas. É aqui que salto para a acção a fingir tilt. Tinha bastante confiança na minha mão, sabia que estava na frente visto que as únicas mãos que me batiam ali era AA (com a qual ele teria raisado em pré-flop), TT (com a qual teria raisado também pré-flop), ou 4-5. Se ele flopou a straight, então azar o meu. Mas para ser realista, eu acreditei que tinha a melhor mão. Por isso o que fiz foi sair a raisar forte, mas não todas as minhas fichas. Raisei para 1,900 fichas, deixando 625 para trás.

Eu estava simplesmente a tentar entrar na sua cabeça e confundi-lo, porque eu sabia que ele pensava que eu estava em tilt. Pensou que eu não tinha nada de especial. Por isso raisei o suficiente para parecer que estava a tentar roubar o pot, mas ao não dar all-in, dei a ideia de que queria conservar fichas para o caso de ele dar call ao meu suposto "bluff".

Ele fez instant re-raise por todas as minhas fichas (as restantes 625), eu dei call, e ele tinha apenas K-2. A única desculpa aceitável para ele pensar que estava na frente com o par mas baixo naquela situação era porque eu supostamente estava em tilt - o que, para infelicidade dele, não era verdade.

Se ele realmente me conhecesse, saberia que eu não entro em tilt. Ele saberia que eu não deixo as minhas emoções ditarem as minhas acções.

Mas nem toda a gente contra quem se joga vai conseguir compreender como nos ler; por isso se conseguir com precisão interpretar como eles pensam que você está a jogar, poderá usar essa informação para sua vantagem e aumentar a stack.

por Esther Rossi

3.2.10

O Básico do Rush Poker

A FullTiltPoker lançou recentemente uma nova e revolucionária forma de jogar poker on-line: o Rush Poker. Se não está familiarizado com o jogo, encorajo-o a tentar. Em vez de os jogadores estarem sentados numa mesa com 6 ou 9 jogadores, estão sentadas numa que pode atingir o máximo de 2 mil jogadores. Todos os jogadores estão sentados numa mesa normal, mas assim que decide dar fold numa mão é imediatamente enviado para outra mesa com outro grupo diferente de jogadores e joga a próxima mão instantâneamente - ao contrário de dar fold e ficar a espera que a mão se desenrole para receber outra mão. Isto permite aos jogadores jogarem 300 mãos por hora, ao contrário das habituais 80.

O nível de entretenimento não é a única coisa que torna este jogo diferente do poker "dito" normal on-line.Jogar contra um diferente grupo de jogadores a cada mão significa que terá de fazer outros ajustes à sua estratégia usual de cash, isto se quiser ter sucesso no Rush Poker.

Um grande erro aqui é tentar jogar tigh demais, esperando apenas por mãos premium. É fácil foldar mãos marginais, e esperar por ter um monstro na próxima mão sem tempo de espera. Mas o caro leitor não se deve esquecer que ainda está a pagar blinds. E se reduzir muito o seu range pré-flop, essas blinds começam a comer e bem a sua stack. Na verdade, eu sugiro que abra pots com mãos médias (tais como suited connectors numa posição média/final) - esta será uma boa forma de roubar as blinds. No entanto, deverá dar respeito a qualquer raise ou 3bet. Não é provável que um jogador faça 3bet light com a opção de jogar imediatamente outra mão se foldar.

Um hábito que também será bastante dificil de quebrar será a imagem na mesa. No Rush Poker não se tem uma imagem na mesa. Só porque tem roubado umas blinds, isso não quer dizer que esteja preocupado que os seus adversários saibam disso. Na verdade, eles não têm maneira de sabê-lo, visto que não estavam sentados consigo quando fez esses roubos. Por isso, se fez slowplay com pocket pair não tenha medo de o fazer novamente numa próxima oportunidade. Em vez de se preocupar com proteger a sua imagem na mesa, o caro leitor deveria estar rudemente a explorar a estratégia mais básica e ofensiva: o range de mãos dos seus adversários, que se tornam agora mais previsíveis.

Jogar bom poker tem haver com a capacidade que se tem de ajustar a nossa estratégia devido a diferentes condições de jogo. Rush Poker apresenta diferenças enormes relativas a um jogo normal de cash, por isso fazer os ajustes necessários é um requisito. Faça esses ajustes e verá a sua banca a subir - assim como o divertimento - enquanto joga no mais rápido jogo de poker de sempre.

por Howard Lederer

Nota: O Poker Kings é o primeiro site/blog português a publicar um artigo acerca do novo e exclusivo jogo de poker da FullTilt: o Rush Poker!